A história do Piauí guarda segredos escondidos que poucos sequer imaginam. Literatura, memória e natureza viva são pilares na história do estado e dois episódios específicos chamam a atenção por revelarem a força simbólica de árvores que, mais do que elementos da paisagem, tornaram-se testemunhas do tempo.
É o caso do cajueiro centenário plantado pelo escritor Humberto de Campos. Existe também um outro acontecimento curioso e marcante, a gameleira que cresceu sobre o túmulo da poetisa Luíza Amélia de Queiroz.
Juntas, as narrativas oferecem uma jornada profunda pelas raízes culturais do estado.
O CAJUEIRO CENTENÁRIO
Em 1896, no município de Paranaíba, na Rua Coronel José Narciso, um cajueiro seria plantado por um dos maiores escritores brasileiros: Humberto de Campos, membro da Academia Brasileira de Letras. Na época, ele tinha apenas seis anos e um século depois o cajueiro se tornaria um dos pontos mais emblemáticos da história do Piauí.
A árvore, que hoje atravessa mais de um século de existência, foi eternizada na obra “Um amigo de infância”, na qual Humberto narra sua relação com o local e suas lembranças da infância piauiense.
Ainda hoje o cajueiro permanece majestoso, forte e símbolo da piauiensidade, sendo visitado por moradores, turistas e admiradores da literatura nacional. Para a população, a árvore representa não apenas uma lembrança física do escritor, mas também um símbolo da passagem dele por terras piauienses, onde desenvolveu parte de sua sensibilidade literária.
ENCONTRO ENTRE MEMÓRIA E NATUREZA
Um outro fenômeno se repete na mesma rua do cajueiro centenário, mais especificamente no Cemitério da Igualdade. Onde está enterrada uma das maiores e considerada a primeira poetisa do Piauí, Luíza Amélia de Queiroz.
Relatos revelam que Luíza Amélia escreveu em vida um poema expressando o desejo de ser enterrada à sombra de uma gameleira. De uma forma quase mística e surpreendente, o seu desejo se tornaria realidade. Uma gameleira nasceu e se desenvolveu exatamente sobre seu túmulo, tornando-se um ponto de memória e emoção para quem visita o local.
Luíza Amélia de Queiroz deixou sua marca na literatura piauiense, abrindo caminhos para outras mulheres no cenário cultural. Sua influência permanece até hoje. Atualmente, ela é patrona da cadeira 28 da Academia Piauiense de Letras (APL) e da cadeira 24 da Academia Parnaibana de Letras (APAL), reconhecimento que eterniza seu legado literário.