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Instituto Olho d’Água reinventa renda de famílias com valorização cultural e ações educativas

Em 2023, a associação sem fins lucrativos, atingiu um público de 1500 pessoas entre comunidade e visitantes de várias regiões do Brasil e nacionalidades

Entre as atividades oferecidas pelo Instituto está o bordado | Foto: Brígida Lira
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O Instituto Olho d’ Água (IOdA), associação sem fins lucrativos, foi criado em 2013, no município de Coronel José Dias, região semiárida do estado que faz parte do eixo territorial, cultural e histórico do Parque Nacional Serra da Capivara, a 521 km de Teresina. 

Na associação, voluntários trabalham na disseminação de práticas e conhecimentos culturais/locais com a finalidade de aproximar as comunidades às potencialidades da região e estimular a geração de renda. Atualmente, as ações da IOdA acolhem 80 crianças, 45 mulheres e 60 jovens.

MUDANÇA E RECONHECIMENTO 

Marian Rodrigues, uma das fundadoras do projeto, explicou que a ideia de criar o instituto veio da sua experiência como moradora da região, e alguém que passou a vida ouvindo histórias sobre a cultura local. 

Isso está muito relacionado com a minha própria história de vida. Eu nasci dentro da área do parque, toda a minha família, meus antepassados nasceram nessa área, nesse período de criação da unidade de conservação onde o nosso povo foi desalojado. Eu cresci ouvindo muito ouvindo as histórias do meu pai, de como era viver naquela área, o que eles faziam, os modos de viver.

Marian Rodrigues, fundadora do Instituto. Foto: Brígida Lira. 

Aos 18 anos, Marion teve a oportunidade de trabalhar lado a lado com Niéde Guidon, um dos maiores nomes da Arqueologia, e entrar no mundo da pesquisa e curiosidade de entender porque a sua região deixou de ser apenas do povo para fazer parte da humanidade. Após cursar Letras e fazer mestrado em Arqueologia, Marion teve a iniciativa de transformar sua cultura em uma ação que valoriza o aprendizado e a sua história. 

ECONOMIA E CULTURA

O Instituto promove iniciativas educativas envolvendo ao mesmo tempo registro da memória do território, patrimônio arqueológico e histórico cultural, fortalecendo as tradições culturais locais, apoiando a população nos potenciais econômicos de seu contexto regional e desenvolvendo ações educativas relacionadas ao Meio Ambiente Cultural. 

Em 2023, o Instituto atingiu um público de 1500 pessoas entre comunidade e visitantes de vários estados do Brasil e nacionalidades. Entre os muitos projetos trabalhados para quem visita ou mora na região, está a experiência focada na literatura e artesanato dos povos das Serras, destinada a famílias com crianças de 7 a 12 anos. Além disso, é disponibilizado recursos de inclusão, como cartilhas específicas para auxiliar crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em seu processo de aprendizagem.

Segundo Jorlan Oliveira, sócio fundador e coordenador dos projetos do Instituto, todo trabalho realizado, principalmente com crianças, é feito em oficinas e ateliê, e passa por um começo, um meio e um fim. 

Hoje, o Instituto Olho D'água é dividido em várias partes, em vários setores, como a área de arqueologia, a área de patrimônio,a de leitura, argilas e informática. São desenvolvidos vários trabalhos com crianças e dentro desses trabalhos a gente faz as exposições. Nas oficinas de argilas, nós temos todo o processo feito pela criança, desde o desenvolvimento da massa, até a sua técnica e o seu objeto, até a exposição.

CONHECER, FAZER, VIVER E SER 

A base pedagógica do Instituto Olho d'Água está ligada aos quatro pilares da Educação, conforme a teoria de Jaques Delores: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. É assim que, ao receber um público de idades variadas, eles tentam conectar a importância do desenvolvimento individual, e é claro, da descoberta de novas habilidades que cada pessoa pode ter.

Aqui, o nosso nome é “as bordadeiras da mulher da Serra”. Quando eu cheguei aqui eu não sabia nem o ponto de bordar, né?, aqui eu já aprendi, já vendi bordado pra pessoas famosas, bordo para turistas de São Paulo e tenho bordado em casa também. Aqui é um lugar muito valorizado para nós, porque nós estamos bordando coisas das pedras rupestres da Serra da Capivara e nós estamos aqui para receber qualquer pessoa que chega e quer conhecer melhor. 

Bordadeiras do Instituto Olho d´Água. Fotos: Brígida Lira. 

ATIVIDADES OFERTADAS 

Artes Plásticas

Educação Patrimonial e Ambiental

Expedições de Campo

Informática

Terapia Integrativa

Atendimento Psicopedagógico

Literatura

Artes Integradas

Atualmente, a sede do Instituto Olho d'Água (uma antiga escola reconstituída após doações), é um amplo ambiente que abriga exposições, biblioteca, área multimídia, um espaço para vivências que enriquece a comunidade e o Centro de Memórias dos Povos da Serra da Capivara. 

ATRAI TURISTAS A CONHECER O PIAUÍ 

O Instituto pode entrar no itinerário de turistas que exploram o Parque Nacional da Serra da Capivara, proporcionando uma imersão na rica cultura dos povos das Serras. Os visitantes podem vivenciar autenticamente o modo de vida local por meio de atividades e explorar o acervo diversificado da associação. O espaço atrai também estrangeiros interessados em aprofundar seu entendimento sobre a vida e o patrimônio histórico-cultural do sertão brasileiro, participando ativamente de atividades e visitas guiadas.

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