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Investigado por excluir multas no sistema da Strans está foragido; dois estão com tornozeleira

Segundo a investigação, servidores e terceirizados apagavam infrações de gestores, ex-gestores e familiares ligados à administração anterior da Prefeitura de Teresina.

Polícia Civil deflagra operação em teresina para investigar esquema de exclusão indevida de multas de trânsito na Strans | Foto: Divulgação - Polícia Civil
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Um dos alvos da Operação Reset, deflagrada pela Polícia Civil do Piauí nesta quarta-feira (23), está foragido. A ação apura um esquema de exclusão indevida de multas de trânsito dentro da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (Strans), supostamente em troca de gorjetas e favorecimentos. Segundo a investigação, servidores e terceirizados apagavam infrações de gestores, ex-gestores e familiares ligados à administração anterior da Prefeitura de Teresina.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Luccy Keiko, a prática criava um tratamento desigual entre os motoristas. “Essas pessoas se utilizavam do sistema de dados para excluir multas de conhecidos e pessoas que tinham acesso à gestão. Outras pessoas comuns recebiam a multa, pagavam, e tinham seus pontos incluídos na carteira. Já quem tinha vínculo com a antiga gestão tinha suas multas excluídas de forma indevida, gerando prejuízo ao erário público”, explicou.

Luccy Keiko informou ainda que a atual gestão da Strans colaborou com a investigação, repassando dados internos e relatórios da auditoria solicitada após suspeitas levantadas pelo atual superintendente. “Algumas pessoas da gestão passada e da atual, que não tinham envolvimento com o caso, procuraram a delegacia e contribuíram com informações importantes”, completou.

Segundo o delegado, dois investigados que tiveram mandados de busca cumpridos foram monitorados com tornozeleiras eletrônicas enquanto durarem as investigações. Já o suspeito com mandado de prisão temporária expedido não foi localizado e é considerado foragido. A identidade dele não foi revelada oficialmente, mas fontes ligadas à operação confirmaram que o nome é Lucas.

Estopim partiu de agradecimento suspeito

O delegado Ferdinando Martins, coordenador do Departamento de Combate à Corrupção (DECCOR), explicou que as investigações começaram após o ex-superintendente receber um agradecimento em razão da exclusão de uma mult.a “O estopim foi quando o coronel Edvaldo, ex-superintendente, foi abordado por um particular agradecendo pela exclusão de uma multa. Ele estranhou, porque nunca tinha dado ordem para esse tipo de conduta.”

O coronel solicitou uma auditoria, que revelou a existência de ordens repassadas informalmente a servidores terceirizados e comissionados, que executavam as exclusões. “Identificamos um verdadeiro improviso. Inseriam placas de veículos, seguiam comandos de terceiros. Agora, o objetivo é identificar de onde exatamente partiam essas ordens”, completou Martins.

As investigações também confirmaram que houve pagamento de valores em dinheiro e gorjetas para que as exclusões fossem realizadas. “Pagava multa em Teresina quem não tinha acesso a determinada figura”, afirmou o delegado Ferdinando. Veículos de ex-gestores e de parentes deles também teriam sido beneficiados.

Prejuízo de mais de R$ 500 mil

Segundo a Polícia Civil, entre fevereiro e junho de 2024, 2.215 multas foram excluídas indevidamente, o que causou um prejuízo de R$ 503 mil aos cofres públicos. Além disso, 12.393 pontos foram removidos das carteiras de habilitação de motoristas favorecidos pelo esquema.

Os investigados podem responder por exclusão indevida de dados em sistema público, associação criminosa, corrupção passiva e outros crimes relacionados. A Polícia não descarta novas prisões e investiga a atuação do grupo em gestões anteriores.

STRANS se manifesta

A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito informou, por meio de nota, que colabora com as investigações e deseja que todos os fatos sejam esclarecidos. “Que a justiça prevaleça em prol da sociedade teresinense”, diz o texto enviado ao MeioNews.

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