A arqueóloga Niède Guidon foi sepultada na manhã desta quinta-feira (5) no jardim da casa onde morava, no bairro Campestre, em São Raimundo Nonato, conforme desejo que manifestou em vida. A cerimônia foi restrita a amigos próximos. Ela morreu na madrugada de quarta-feira (4), aos 92 anos, vítima de um infarto.
A despedida aconteceu no mesmo dia em que o Parque Nacional da Serra da Capivara, um dos maiores legados da cientista, completa 46 anos de criação. A data traz a ligação entre a arqueóloga e o território que ajudou a projetar internacionalmente pela riqueza de sítios pré-históricos.
VIDA DEDICADA À ARQUELOGIA
Reconhecida por sua atuação à frente das pesquisas na região do semiárido piauiense, Niède Guidon dedicou décadas à preservação do parque e à defesa do patrimônio arqueológico brasileiro. A jornalista Adriana Abujamra, autora da biografia Niède Guidon: Uma Arqueóloga no Sertão, afirma que o impacto da arqueóloga ultrapassou as fronteiras da ciência.
“Ela coloca o Brasil no mapa da ocupação das Américas, por mais controverso que isso tenha sido na época. Coloca o Piauí no mapa do Brasil, mostrando que um dos estados mais pobres tem essa riqueza imensa. E faz o mesmo com a caatinga, um bioma que muitos consideram terra arrasada, mas que ela mostrou ser extremamente resiliente”, pontua.
A cientista nasceu em Jaú (SP), mas escolheu viver e trabalhar no sertão do Piauí, onde construiu sua trajetória como uma das principais referências da arqueologia nacional.