A Polícia Civil e a Polícia Militar, deflagraram na manhã desta sexta-feira (19), a Operação Cobre Sujo, com o objetivo de combater o furto de cabos de cobre do Sistema Público de Videomonitoramento Urbano com Inteligência Artificial (SPIA) e desarticular pontos de receptação do material ilícito em Teresina.
A ação resultou no cumprimento de mandado de prisão preventiva, além de mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. De acordo com o delegado Marcelo Leal, apesar de serem crimes de baixa periculosidade, eles causam grande incômodo à população.
“Nossa ação visou combater a receptação desses objetos furtados. Além de conduzir oito pessoas à Central de Flagrantes, nós cumprimos dois mandados de prisão. Um deles era de um indivíduo que era um dos nossos alvos; ele roubava muitos fios na zona Sul e também no Centro. Roubava fiação semafórica, causando muitos danos à população. A população sai para trabalhar e se depara com os semáforos desligados. Por quê? Indivíduos furtando. Nossa ação foi justamente para reprimir a receptação desses materiais: cobre, luminárias, tudo o que eles furtam e que causa danos à população”, disse.
Segundo a autoridade, o suspeito preso tinha papel central no esquema e era considerado um alvo prioritário da polícia, por já possuir experiência nesse tipo de crime. Ele explicou que o homem tinha conhecimento técnico para manusear a fiação sem sofrer choques e foi localizado nas proximidades de uma sucata, onde acabou preso.
Furto comprometeu videomonitoramento
O crime ocorreu entre a noite de 27 e a madrugada de 28 de novembro, quando foram furtadas instalações elétricas de bases do sistema localizadas:
📍 Avenida Henry Wall de Carvalho
📍 Cruzamento da Avenida Mestre Dezinho com a Rua Jornalista Olímpio Guilherme Lustosa
Os locais ficam nos bairros Parque São João e Morada Nova, na zona Sul de Teresina.
Foram levados cabos de cobre e disjuntores, o que comprometeu o fornecimento de energia e deixou as câmeras inoperantes por cerca de 10 horas.
Para a delegada Amanda Bezerra, a ação também cumpre o papel de conscientizar aqueles que compram esses materiais subtraídos.
“É um crime que, embora financeiramente a gente considere insignificante, traz muitos transtornos. A gente precisa que o receptador pare de comprar para que o usuário pare de obter o dinheiro e alimentar o vício da droga. O dono de uma dessas sucatas foi conduzido à Central de Flagrantes. Na residência dele, foi encontrada uma série de hidrômetros abertos; então, já havia sido retirado cobre, ferro e também uma quantia de dinheiro, que ele confirmou que usava e fazia trocas com usuários de drogas”, disse.
A delegada destacou ainda a importância de conscientizar a população de que não apenas quem furta comete crime, mas também quem adquire materiais de origem ilícita, reforçando que a compra desses produtos contribui diretamente para a manutenção da prática criminosa.
Modo de atuação
A investigação apontou que o furto foi realizado sem uso de escadas ou equipamentos de segurança, demonstrando habilidade física e conhecimento técnico para o corte preciso da fiação elétrica. O modus operandi indicou prática reiterada e causou prejuízos à segurança pública.
Trabalho investigativo
Após o registro da ocorrência, a Polícia Civil iniciou um trabalho minucioso, com:
Análises técnicas das estruturas danificadas
Diligências de campo
Oitivas
Elaboração de relatórios policiais
Essas ações permitiram reconstruir a dinâmica do crime e identificar o padrão de atuação do suspeito.
Identificação do suspeito
O suspeito J.L.B.R. foi identificado a partir do cruzamento de imagens do SPIA, captadas antes da interrupção do sistema, com câmeras privadas de residências e comércios próximos. A análise confirmou a compatibilidade de porte físico, vestimentas, calçados e padrão corporal.
Confissão e venda do cobre
Durante o interrogatório, o investigado confessou os furtos e relatou que queimava os cabos para extrair o cobre, descartando os demais componentes. O material era vendido em sucatas da capital, o que possibilitou avançar na identificação dos pontos de receptação.
Prisão preventiva e buscas
Com base nas provas reunidas, a Justiça decretou a prisão preventiva, considerando:
A gravidade dos fatos
O risco de reiteração criminosa
Os prejuízos à segurança da população
Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em estabelecimentos suspeitos.
Sucatas investigadas
Segundo a polícia, entre os locais fiscalizados estão quatro sucatas localizadas no bairro São Pedro e na região da Avenida Pedro Freitas, e foram apontadas na investigação como possíveis destinos do cobre furtado.
Importância da operação
O superintendente de Operações Integradas, delegado Matheus Zanatta, destacou que o crime vai além do prejuízo material:
“Compromete diretamente a segurança da população. A investigação permitiu identificar o autor, mapear a rota do cobre furtado e atingir os pontos de receptação, enfraquecendo toda a cadeia criminosa.”
Tecnologia do SPIA
Zanatta também ressaltou o papel estratégico do SPIA, lançado em agosto, que recebeu investimento superior a R$ 23 milhões. O sistema conta com postes inteligentes equipados com:
Reconhecimento facial
Leitura automática de placas
Zoom de longo alcance, com monitoramento de até 2,9 km
Forças envolvidas
A Operação Cobre Sujo foi coordenada pela Superintendência de Operações Integradas (SOI), com apoio da Força Estadual Integrada de Segurança Pública (FEISP), Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Núcleo de Operações com Cães (NOC), da 1ª Delegacia Seccional, 4ª Delegacia Seccional e Equatorial Piauí.