O perito-geral da Polícia Científica do Piauí, Dr. Antônio Nunes, disse ao MeioNews que teve acesso ao laudo pericial do músico e baixista Carlos Henrique de Araújo Rocha, morto em maio de 2024 durante um acidente de trânsito na zona Leste de Teresina.
Carlos estava no banco do passageiro de um carro de aplicativo quando o veículo foi atingido por outro automóvel que fugia de uma abordagem policial. Testemunhas relataram que ele chegou a correr e caiu a poucos metros do local do acidente.
A exumação, realizada em outubro deste ano, foi autorizada pela Justiça Militar após pedido da família, que questionava a causa da morte e suspeitava que o músico pudesse ter sido atingido por um tiro.
O QUE DIZ O LAUDO
O laudo apontou que o corpo estava em fase de esqueleto, devido ao tempo decorrido entre a morte e a exumação, sendo de 1 ano, 4 meses e 17 dias. A perícia concluiu que Carlos morreu em decorrência de politraumatismo, com impactos na cabeça, tórax, abdômen e pé direito, tendo como causa final choque hipovolêmico, ou seja, perda intensa de sangue que compromete o funcionamento do corpo.
Durante o exame, os peritos identificaram lesões ósseas em várias partes do corpo e coletaram dois materiais biológicos, um fragmento da calota craniana e o quinto dedo do pé direito, enviados ao IML e armazenados para possíveis análises futuras.
Sobre a possibilidade de lesões por arma de fogo, o Dr. Antônio Nunes disse que a perícia inicial já havia apontado a ausência de disparos. “Não houve tiro. Isso já havia sido apresentado nos outros laudos, que também apontaram a mesma coisa. Até hoje, não sei de onde surgiu essa versão de que ele teria sido baleado. As perícias anteriores estavam corretas”, falou.
O que diz o laudo da exumação
Os trabalhos do IML apontam que o corpo estava totalmente em decomposição, já em fase de esqueleto, por causa do tempo decorrido.
O laudo conclui que Carlos Henrique morreu devido a politraumatismo, com impactos fortes na cabeça, tórax, abdômen e no pé direito. A causa final apontada é choque hipovolêmico, que é quando a pessoa perde muito sangue e o corpo não consegue se manter funcionando.
Os peritos identificaram lesões ósseas em várias partes.
• região frontal direita da cabeça
• hemitórax direito e esquerdo
• hipocôndrio direito e esquerdo
• pé direito
Questão sobre possível tiro
Um dos quesitos respondidos pelos peritos tratava de possíveis lesões causadas por arma de fogo. O perito não conseguiu afirmar se houve ou não lesões causadas por tiro.
“Sem elementos de convicção devido ao lapso temporal entre a data da morte e a data de exumação. As amostras de material biológico (calota craniana e 5 dedo do pé direito) foram encaminhados para o IML. Os mesmos foram custodiados em sacos de vestígios, os quais encontram-se armazenados no instituto de medicina legal em Teresina”, diz o documento. Ou seja, o estado do corpo não permitiu confirmar ou descartar completamente um disparo.
Durante o exame, foram retirados dois materiais biológicos:
1. um fragmento da calota craniana
2. o quinto dedo do pé direito
Ambos foram guardados em sacos de vestígios e enviados ao IML de Teresina, onde seguem armazenados para análise posterior.
Por que a família pediu a exumação
Para a família, ainda existem sinais que levantam dúvida sobre a versão oficial. O advogado Lucas Ribeiro, que acompanha o caso, afirma que há uma perfuração na região da cabeça que pode ser compatível com tiro.
“Dentro do inquérito, há testemunhas que relatam que o Carlos saiu do carro e correu. E, no momento em que ele estava correndo, ouviram o disparo. Além disso, há um relatório do SAMU informando que o corpo apresentava indícios de ferimento por arma de fogo. Esses detalhes precisam ser apurados com rigor científico”, falou em entrevista ao MeioNews em outubro.
O advogado também disse à imprensa no mês passado que um dos vídeos mostra um objeto sendo lançado no momento da batida, mas que esse objeto teria ido para um lado oposto ao local onde o corpo do músico acabou sendo encontrado. Para a família, isso indica que o músico pode não ter sido arremessado pelo impacto da forma como a perícia inicial concluiu.
A Polícia Militar continua afirmando que não houve disparo contra o músico. A reportagem entrou em contato com o advogado Lucas Ribeiro, que preferiu não comentar o caso até o recebimento oficial do laudo pericial.
O que dizia o laudo inicial de 2024
Meses após o acidente, o Departamento de Polícia Científica divulgou um laudo apontando que Carlos Henrique foi arremessado para fora do carro a cerca de 75 km/h, percorreu mais de 20 metros e sofreu múltiplas fraturas. O documento oficial também afirmava que não havia sinais de tiro.
Quem era Carlos Henrique
Carlos Henrique tinha 32 anos e era conhecido na cena musical de Teresina. Atuava como baixista, integrava bandas locais, acompanhava artistas e também trabalhava como professor de música. Sua morte gerou grande comoção entre colegas e amigos.