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Piauí inaugura escola indígena pioneira que une ancestralidade e tecnologia

No bairro Planalto Bela Vista, em Teresina, Ceti Oka Ka Inaminanoko oferece ensino integral com formação técnica, cinco idiomas e aulas de Inteligência Artificial para estudantes das etnias Warao e Guajajara

Estudante indígena da rede de educação estadual | Foto: Governo do Piauí
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Ceti Oka Ka Inaminanoko, localizado no bairro Planalto Bela Vista, em Teresina, é uma das primeiras Escolas Indígenas de Tempo Integral com Formação Técnica Integrada ao Ensino Médio do país. A iniciativa alia saberes ancestrais à inovação tecnológica e já se tornou referência nacional em inclusão, respeito à diversidade e promoção da autonomia dos povos originários.

Desde 2024, a unidade passou a funcionar em regime de tempo integral e atualmente atende mais de 50 estudantes das etnias Warao e Guajajara. A proposta pedagógica é inédita e inclui ensino de cinco línguas — Warao, Tupi Guarani, Português, Inglês e Espanhol — além de disciplinas como Inteligência Artificial, Empreendedorismo e Educação Financeira.

“É muito mais do que aprender a usar um computador. A gente entende como a tecnologia pode ser usada para proteger nossa cultura e melhorar nossa comunidade”, relata Roceli Maria Cardona, estudante da 2ª série do Ensino Médio.

O currículo técnico oferece ainda formação em Administração, com foco em economia criativa e empreendedorismo, respeitando os saberes tradicionais e transformando talentos — como o artesanato — em geração de renda e autonomia.

Gestão feita por indígenas para indígenas

A gestão da escola é protagonizada por lideranças das próprias comunidades. A diretora Aline Heira, indígena, reforça que o projeto nasce do diálogo com os povos originários:

“Essa escola foi pensada por nós e para nós. Ela respeita nossa cultura, tem alimentação adaptada e o mais importante: acredita no nosso potencial. Hoje, nossos jovens sonham com o ensino superior, com o empreendedorismo, com a autonomia”, afirma.

Hoje, o Ceti conta com uma professora indígena Guajajara e dez educadores warao. E os resultados já começam a aparecer: a ex-aluna Hayra Guajajara, de 18 anos, foi aprovada no curso de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

“Quero lutar pelos direitos do meu povo e abrir caminhos para outras lideranças indígenas”, diz Hayra.

Política pública com foco na inclusão

A criação do Ceti Oka Ka Inaminanoko faz parte de uma série de políticas da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) voltadas para os povos originários. Entre elas, destaca-se o projeto EJA Warao, voltado para alfabetização trilíngue de indígenas refugiados venezuelanos.

Atualmente, mais de 350 estudantes indígenas de etnias como Guajajara, Kariri, Tabajara e Warao estão matriculados na rede estadual do Piauí.

“O que a gestão do governador Rafael Fonteles está fazendo é olhar com seriedade e respeito para os povos originários. Estamos garantindo uma escola moderna e conectada com o presente, sem deixar de lado as raízes que sustentam esses povos”, destaca o secretário de Educação, Washington Bandeira.

O Ceti Oka Ka Inaminanoko representa mais que um avanço educacional: é um marco de respeito, pertencimento e futuro. Uma escola onde o passado ancestral caminha ao lado da inovação — formando cidadãos conscientes, preparados e orgulhosos de suas raízes.

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