Suelene da Cruz Pessoa, ex-assessora especial do ex-prefeito de Teresina, Dr. Pessoa, prestou depoimento na manhã desta quinta-feira (16) por meio de videoconferência, que durou cerca de 1h30. Ela está presa desde a última terça-feira (14), investigada por chefiar um suposto esquema de corrupção na Prefeitura de Teresina, entre os anos de 2021 e 2024.
investigações
Uma denúncia de irregularidades na gestão municipal anterior deu início às investigações, segundo o delegado Dennis Sampaio, do Departamento de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Deccor). A apuração revelou a existência de uma estrutura paralela que tomava decisões e realizava repasses ilícitos. O grupo investigado foi apelidado como “Gabinete de Ouro”.
O inquérito policial aponta que, inseridos nesse núcleo, estão servidores comissionados e terceirizados que atuavam como operadores financeiros da organização. Eles movimentavam valores desviados por meio de empresas construtoras e prestadoras de serviço contratadas pela Prefeitura de Teresina.
ATUAÇÃO DE SOL PESSOA
Sol Pessoa, como é conhecida popularmente, é apontada como líder do esquema. Durante a gestão de Dr. Pessoa, ela atuou como assessora especial e era vista como uma figura de confiança e de grande influência política, representando o prefeito em eventos e buscando participar de decisões importantes, o que gerava atritos com outros auxiliares.
A suspeita foi detida em uma casa de alto padrão no Residencial Hugo Prado, Zona Sul de Teresina. O Poder Judiciário determinou o bloqueio e sequestro de bens, imóveis, veículos e valores que totalizam mais de R$ 75 milhões, pertencentes a ela e aos demais investigados. Esses bens são suspeitos de terem sido adquiridos com dinheiro desviado de contratos públicos.
OPERAÇÕES
Deflagrada em Teresina e em Timon (MA), a Operação Gabinete de Ouro cumpriu 14 mandados de buscas, apreensões e prisões temporárias. Foram presos Sol, além de dois homens identificados como Mauro e Rafael. Na cidade maranhense, apreendendo celulares, documentos e cerca de R$ 5 mil em espécie em um endereço ligado a pessoas próximas ao Dr. Pessoa.
Simultaneamente, a polícia deflagrou a Operação Interpostos, realizando buscas na residência de Stanley Freire, ex-presidente da Fundação Monsenhor Chaves, e de outro investigado. A ação apura a atuação de empresas de fachada em contratos com a Prefeitura de Teresina durante a mesma gestão.
À Rede Meio Norte, a delegada Amanda Bezerra informou que um dos investigados atuava como "laranja", movimentando dinheiro para o grupo em nome de terceiros. A polícia encontrou documentos que o ligam a outros alvos, além de dinheiro, celulares e um notebook. A autoridade também confirmou que "Sol" já havia sido ouvida no inquérito e foi novamente vinculada ao caso.