Com o avanço da idade, as novas tecnologias podem se tornar um verdadeiro desafio, dificultando até mesmo a locomoção e o acesso a serviços essenciais com segurança. Para transformar essa realidade para as pessoas na melhor idade, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por meio da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, promove o projeto Viva Mais Cidadania Digital no Piauí.
Em parceria com o Instituto Federal do Piauí e a Universidade de Pernambuco, o foco da ação é o letramento digital, educação midiática, combate ao discurso de ódio, desinformação e prevenção contra violência financeira e patrimonial no ambiente digital. Ao todo, foi ministrado 20h de aula para os idosos de todas as zonas de Teresina (PI).
INDEPENDÊNCIA
Com isto, 617 pessoas idosas participaram do curso no período de novembro de 2024 a maio de 2025. Eles puderam aprender como utilizar o WhatsApp, usar aplicativos para solicitar motoristas, como Uber ou 99, além de mandar localização, utilizar aplicativos governamentais, entre outros.
Maria de Fátima Ribeiro, de 70 anos e uma das assistidas pelo projeto, relatou que antes do curso, ela dependia do filho para acessar aplicativos como Uber ou 99. Agora, ela se sente segura usando o celular sozinha, inclusive para fazer pagamentos. “Pegava só o coletivo. Às vezes pegava dois porque pela dificuldade que eu tinha receio de pegar o outro. Eu tinha dificuldade. O celular agora é só na mão”, afirmou.
Já para América Rodrigues Alves, a busca por utilizar aplicativos bancários a motivou a participar das aulas. Cantora do Madrigal Vox Popvli, Coro artístico e independente de Teresina, ela conta como o projeto a ajudou a pesquisar partituras de músicas e tradução de letras.
“Porque no Vox Popvli ali a gente canta um pouquinho em português e línguas que eu não imaginava. E isso me ajudou muito. Eu só jogo lá no tradutor, é uma beleza, maravilha, um outro mundo, outro universo”, afirmou a aluna.
A coordenadora da ação, Fernanda Pereira, destacou que o projeto chegou a pelo menos 15 bairros de Teresina, em mais de 20 centros. No dia 23 de maio foi realizado um evento de certificação com as pessoas idosas assinadas pelo projeto. Ela frisou que o objetivo era garantir às pessoas idosas o acesso consciente e seguro à tecnologia e ao ambiente digital, por meio da apropriação de conhecimento sobre formas de acesso.
“Ensinamos a mandar localização em tempo real, no caso da pessoa idosa se perder e comunicar a família onde está. Ensinamos a mexer no YouTube, até para aqueles que não sabiam ler, que não eram alfabetizados, nós ensinamos como ele poderia pesquisar utilizando o microfone no celular. Levando cidadania para todas essas pessoas. Esse projeto, ele levou em consideração a realidade de cada idoso”, disse a professora.
MONITORES
A execução do projeto envolveu a seleção de 40 monitores extensionistas (20 em Teresina e 20 no Recife), alunos do Instituto Federal, que passaram por capacitação antes de iniciar as atividades. O projeto destacou a importância da intergeracionalidade, buscando criar uma relação positiva entre gerações e proporcionar autonomia aos idosos.
Gabriel Lima da Silva, aluno de Gestão Ambiental do IFPI e um dos monitores, frisou a oportunidade e experiência de desenvolver uma comunicação com os alunos. Além disso, relatou um caso marcante ocorrido durante o projeto, onde uma senhora, inicialmente com dificuldades até mesmo para fazer ligações, utilizou o conhecimento adquirido no curso para ajudar em uma situação de emergência.
“Teve um dia que ela tava voltando de ônibus para casa e parece que uma outra senhora passou mal. Se eu não me engano, era até cadeirante. Ela lembrou das aulas, que já tinha tava praticamente terminando o curso, e ligou para SAMU. Graças a Deus conseguiram e tudo se resolveu, não precisou nem a ambulância chegar”, contou.