Uma funcionária trans da AlmavivA, empresa de call center em Teresina, relatou que está enfrentando episódios de transfobia durante o trabalho.
A trabalhadora, que pediu para não ser identificada oficialmente, relatou que os episódios de desrespeito começaram logo nos primeiros dias na empresa, no ano de 2023. “Durante o treinamento, alguns supervisores não respeitavam meu gênero. Já me chamaram de ‘rapaz’. No meu crachá está escrito o meu nome, basta olhar para mim para ver que se trata de uma figura feminina. Mesmo assim, precisei ouvir esse tipo de tratamento”, relatou.
Diante das situações, a funcionária pediu para trabalhar de forma remota. “Eu estava passando por tudo isso, mas eu não queria deixar de trabalhar, porque era o meu primeiro emprego. Nós, as pessoas trans, quando a gente não consegue estar incluída nos ambientes profissionais, a gente infelizmente é empurrada para a rua, e não era isso que eu queria, e não é isso que eu quero”, disse.
DESRESPEITADA POR CLIENTE
Ela afirma que permaneceu nesse modelo por um longo período, entregando os resultados exigidos. No entanto, há algumas semanas, atendeu uma cliente que passou a chamá-la de “meu filho” mesmo após ela se apresentar pelo nome social. “Expliquei que sou mulher e pedi que usassem os pronomes corretos. Eu não fui em momento algum mal-educada com ela. A empresa alega que nós discutimos, mas nós não discutimos. Eu não discuto, eu argumento”, contou”, contou.
Após a reclamação, a direção decidiu que ela deveria voltar ao trabalho presencial. “Alegaram que eu desliguei a ligação, mas eu só fiz isso para preservar minha saúde mental. Parece um castigo por ter me defendido. Eu equipei todo o meu quarto para trabalhar: comprei computador, mesa, cadeira, pago internet. Eles não me deram nenhuma ajuda de custo para esse retorno repentino”, declarou.
A funcionária afirma que tem medo de voltar ao local. “Lá não é um ambiente seguro para uma mulher trans ou travesti. Já relatei outras situações e nada foi feito. Agora, estão do lado da cliente que me desrespeitou”, disse. A reportagem procurou a AlmavivA para comentar as denúncias, mas não obteve resposta até a última atualização desta matéria. O espaço segue aberto para esclarecimentos.