O promotor Mário Normando, do Ministério Público do Piauí, afirmou ao MeioNews que várias testemunhas confirmaram a prática de compra de votos atribuída à vereadora de Teresina Tatiana Medeiros (PSB) durante as eleições. Ela e outros oito acusados participam da audiência de instrução e julgamento que começou na segunda-feira (24) e segue até o dia 28, no Fórum Eleitoral.
Muitas confirmaram, outros disseram que receberam doações, mas que não se tratava de compra de voto. Então, tem depoimento de toda forma que vocês podem imaginar nesse processo. Pessoas que trabalhavam 50 dias de graça sem receber nem um real, nem água, declarou o promotor Mário Normando.
Assista todo o relato:
INVESTIGAÇÃO
Tatiana Medeiros e outros oito acusados são investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa, peculato e fraude eleitoral. O promotor Plínio Fontes informou que, no âmbito da Justiça Eleitoral, o foco principal é a suposta compra de votos e financiamento de campanha eleitoral por meio de uma facção criminosa, a qual o companheiro da parlamentar seria o cabeça.
A base é a investigação feita pela PF; com os elementos da Polícia Civil, o Ministério Público encontrou diversos crimes. Nós estamos em fase de instrução, coletando provas para depois confirmar se essas denúncias são verídicas ou não, disse o promotor.
Durante a audiência desta terça, uma das testemunhas passou mal e precisou ser dispensada pela juíza.
O QUE DIZ O OUTRO LADO?
O advogado Samuel Castelo Branco, que representa a vereadora, avaliou que o andamento da audiência está dentro da normalidade, e negou de forma categórica qualquer envolvimento da vereadora com esses grupos e reiterou que não houve compra de votos.
O que eu posso dizer é que não há envolvimento com facções criminosas. Nós estamos discutindo se houve compras de votos, e não há, nesse caso, envolvimento com facções dentro desse processo, disse.
QUEM SÃO OS ACUSADOS?
- Tatiana Medeiros
- Alandilson Cardoso Passos, namorado da vereadora e apontado como cabeça da facção criminosa
- Stenio Ferreira Santos
- Maria Odélia de Aguiar Medeiros
- Emanuelly Pinho de Melo
- Lucas de Carvalho Dias Sena
- Bruna Raquel Lima Sousa
- Sávio de Carvalho França
- Bianca dos Santos Teixeira Medeiros.
ENTENDA O CASO:
Tatiana foi presa em 3 de abril pela Polícia Federal no âmbito da Operação Escudo Eleitoral. Em 3 de junho, a Justiça autorizou que ela cumprisse prisão domiciliar por motivos de saúde, mediante medidas cautelares.
Segundo a Polícia Federal, a campanha que a elegeu para a Câmara de Teresina, em outubro de 2024, teria sido financiada com “recursos ilícitos de uma facção criminosa”, a qual teria como cabeça o próprio namorado da parlamentar, Alandilson Passos. Em setembro de 2025, Alandilson foi transferido do complexo prisional em Minas Gerais para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Altos (PI).
Em outubro, TJ-PI determinou o relaxamento da prisão de Alandilson Cardoso, sob o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou nulo o Relatório de Inteligência Financeira usado na investigação por ser obtido de forma ilegal. Apesar disso, ele continua preso, pois responde na Justiça Eleitoral por corrupção eleitoral e há outro mandado de prisão ativo.
Isso foi um pedido da defesa que resolveu que ele viesse só na oportunidade do interrogatório dele. Esse pedido foi definido pelo juiz e ele só vem no dia do interrogatório, que deve ser no último dia, na sexta-feira, disse o promotor Mário Normando.