Acusado de matar o pai e a madrasta vai à missa antes de julgamento

“Normalmente, não sofro o constrangimento de ouvir o grito de assassino”, teria dito o acusado.

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Quase nove anos após a sequência de 11 disparos que mataram o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, e sua mulher Alessandra Troitino, 33, o principal suspeito do crime, Gil Rugai, filho do primeiro casamento de Luiz Carlos, sentará no banco dos réus.

O julgamento, que já foi adiado duas vezes, está previsto para começar amanhã.

Mais velho e mais gordo, aos 29 anos, Gil mora com a avó materna, Conceição, em uma espaçosa casa no bairro do Sumarezinho, com móveis e quadros antigos e diversas imagens de Jesus. Vivem só os dois --Gil é uma espécie de enfermeiro de Conceição, que sofre de mal de Alzheimer.

Ele só anda de bicicleta ou a pé e vai duas vezes por dia à missa. Ao saber da renúncia do papa Bento 16, Gil, que é ex-seminarista, custou a acreditar. Lembrou a amigos que havia se inscrito como voluntário na visita do Sumo Pontífice programada para julho, no Rio de Janeiro.

Gil só conseguiu trabalho sem registro na carteira. Até recentemente, foi balconista na loja de um shopping da zona leste, mas, à medida que o julgamento se aproximava, foi transferido para o caixa e depois, demitido.

Prestou vestibular para medicina na Uerj, em 2009. Passou na primeira fase, mas desistiu de seguir adiante. A seu longo repertório de cursos avulsos --antes do crime havia estudado teologia, tiro, rapel, enfermagem, artes marciais-- soma-se o de barista, concluído recentemente.

"Normalmente, não sofro o constrangimento de ouvir o grito de "assassino". Isso aconteceu apenas uma vez, na fila de um banco. É que as pessoas não reconhecem meu rosto, é só pelo nome", ele costuma dizer.

Daniel Schattan, amigo de Gil Rugai há cerca de dez anos, conta que "ele sempre foi meio nerd".

Marcelo Feller, um dos dois advogados de Gil, vai mais longe: "Eu entendo que, aos olhos de qualquer pessoa comum, o Gil pareça um cara esquisito. Os amigos andavam de bermuda e ele de terno e gravata --e até de bengala e suspensórios, porque achava elegante. Aos e-mails ele responde sempre na segunda pessoa, com tu e vós".

Gil sempre foi muito próximo das avós carolas. Sua personalidade contrasta com a do pai --um produtor de filmes boa praça que gostava de esportes radicais, trabalhava de bermuda e camiseta e gostava de andar de avião, barco ou na sua Mercedes blindada. Fumava maconha na frente de todo mundo.

A informalidade predominava em sua empresa, que vivia um ciclo de prosperidade no momento do crime.



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