O caso da morte do advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco, de 46 anos, começa a ganhar contornos mais claros. Imagens de câmeras de segurança da rua Itambé, em Higienópolis, mostram que ele foi abordado por um casal – um homem e uma mulher – que anunciou um assalto. Pouco depois, Pacheco foi encontrado desacordado no chão.
Investigadores do 4º Distrito Policial trabalham com a hipótese de latrocínio, o roubo seguido de morte. Essa versão foi relatada a amigos e familiares do advogado, que ainda tentam entender as circunstâncias da tragédia.
Segundo o advogado Ivan Filler Calmanovici, do Grupo Prerrogativas, policiais informaram que a dupla tentou levar o relógio e o celular de Pacheco. Há indícios de que ele reagiu ou fez um movimento brusco, o que levou os agressores a desferirem golpes contra ele.
Amigos e familiares relataram que o advogado chegou a cair no chão e recebeu mais agressões, incluindo uma cotovelada e até um golpe de judô, conforme apuração dos investigadores. Os criminosos fugiram levando o celular, a carteira e o relógio.
De acordo com testemunhas, Pacheco permaneceu deitado na sarjeta até ser socorrido por uma pessoa que passava pela rua. Essa testemunha contou à Polícia Militar que o advogado estava com dificuldades para respirar e parecia convulsionar. O SAMU foi acionado e o levou ainda com vida para a Santa Casa de São Paulo, mas ele não resistiu.
Sem documentos, Pacheco permaneceu internadocomo desconhecido. Foram necessários exames digitais do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt para confirmar sua identidade. Ele havia desaparecido por 36 horas até ser reconhecido oficialmente.
A princípio, a polícia descartou a hipótese de intoxicação por metanol, já que o advogado havia brincado em um grupo de mensagens sobre “ter tomado metanol” naquela noite. Testemunhas ainda serão ouvidas para ajudar a reconstituir os últimos passos de Pacheco. A polícia já sabe que, na noite em que desapareceu, ele havia saído de um bar e consumido whisky.
Amigos do Grupo Prerrogativas relataram que estranharam o silêncio repentino de Pacheco nas mensagens. Eles passaram a madrugada ligando para o celular, para a portaria do prédio e até registraram boletim de ocorrência, diante da suspeita de sequestro.
A notícia da morte abalou a advocacia. Em nota, Marco Aurélio Carvalho, coordenador do Prerrogativas, afirmou que Pacheco era “um dos advogados mais brilhantes, capacitados, sensíveis, generosos e éticos do país” e que o grupo não aceitará que a morte se torne “mais um dado estatístico”.
“O Grupo Prerrogativas está de luto. Perdemos um sócio-fundador, um dos mais combativos e solidários advogados do país. Mais um latrocínio, ao que tudo indica. Essa morte violenta e inaceitável precisa ser rigorosamente apurada”, declarou.