O que era para ser um lugar de reabilitação e tratamento, acabou virando um lugar de dor e sofrimento, é o que denuncia um ex-interno que conseguiu ser resgatado da clínica de reabilitação “Instituto Passo a Passo”, localizado no bairro Chácara Santo Antônio, Zona Sul de São Paulo. O titular desta coluna conversou com exclusividade com um homem que estava em tratamento há dois anos no local.
“Eles maltratam muito os internos, fazem a gente trabalhar como escravos, todos os dias eles fazem trabalhar como escravo e se não trabalhar, eles amarram de ‘porquinho’, amarram as duas pernas e dois braços para trás e aplicam Haldol, remédio controlado”, disse o ex-interno que conseguiu ser resgatado da clínica.
O caso aconteceu neste domingo (27), o homem, que não iremos revelar o nome ou idade, ligou para uma responsável e pediu ajuda, no depoimento, ele chegou a comentar que era servida comida estragada.
“Todo mundo sofre, começando com os menores de 14, 16 e 17 anos que estão lá e acabam trabalhando iguais escravos, eles choram, pedem pelo amor de Deus para a família deles tirarem eles de lá. Eles dão comida vencida e quando a vigilância vai lá, eles guardam os alimentos vencidos”, relata o homem.
No dia do resgate, a responsável pelo homem, ligou para a dona da clínica chamada Amanda, mas ela não atendeu. A resposta só veio através de uma mensagem no Whatsapp, a mulher disse que para retirar o paciente, deveria ser feito o pagamento de R$ 5.580,00. Indignada, por já ter que pagar o tratamento e ainda ouvir os relatos de maus tratos, a responsável pelo interno encontrou uma viatura da Guarda Civil Ambiental e pediu ajuda e só assim o homem foi retirado do local.
A vítima que fala com a equipe de reportagem, chegou a mostrar também as mordidas de percevejos que tinham no colchão onde eles dormiam. Ele também conta que os internos são agredidos a chineladas.
“Meus colegas fugiram no sábado passado e eles queriam que eu também fugisse, mas eu não quis. Um deles conseguiu ligar para a mãe dele, que acabou tirando ele de lá, após ele relatar que estava sofrendo agressões. Eu já vi vários internos morrendo lá dentro, ela chama o IML e diz que ele morreu, mas eles morrem de maus-tratos, porque a família os abandona e não vão visitar e morrem de maus-tratos. Ela bate nos internos com um chinelo, elas batem na cara deles e tacam Haldol neles, é um remédio controlado. Quando eles estão perto de sair, ela aplica o remédio e eles ficam mais tempo lá”, relata a vítima.
Nossa equipe tentou contato com Amanda por telefone por três vezes, mas ela não nos atendeu. Informações dão conta que a mulher tem outros endereços que servem de apoio, quando há, por exemplo, uma denúncia, os internos vão para outros endereços como uma forma de despistar. O espaço segue aberto.
Conversamos com o advogado, Dr, Jonas Reis, que está como assistente de acusação. De acordo com o advogado, o homem que concedeu essa entrevista, passará por exames e que ele será levado para uma nova clínica. O advogado deverá cobrar respostas para que outros pacientes não passem pelo o que a vítima relatou. Veja a matéria exibida no Programa “Patrulha com Luiz Fortes”: