Assassino de paciente enfrenta hostilidade

Farah Jorge Farah foi sentenciado a 13 anos de prisão, mas está livre.

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G1 falou com ex-médico no campus Leste da universidade, onde estuda.

Roney Domingos Do G1, em São Paulo

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Condenado em abril de 2008, há exatamente dois anos, a 13 anos de prisão pela morte e esquartejamento da ex-paciente e amante Maria do Carmo Alves, mas beneficiado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah, de 61 anos, pode ser encontrado entre alunos de gerontologia no campus Leste da Universidade de São Paulo (USP) e também na turma de direito da Universidade Paulista (Unip), instituições onde estuda.

A convivência com os colegas de classe, no entanto, nem sempre é harmônica, já que, segundo ele, nem todo mundo entende sua presença na universidade.

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Maria do Carmo Alves foi morta, teve o corpo retalhado e colocado em pedaços no porta-malas de um carro em 24 de janeiro de 2003. Preso em 27 de janeiro, três dias após o crime, Farah foi solto em 29 de maio de 2007 e ficará em liberdade até decisão final da Justiça. Ele disse que na cadeia, "exceto um ou outro", todos o tratavam bem.

Sem dinheiro e sem profissão, mas sorridente e simpático, Farah dá um sorriso tímido quando questionado sobre sua vida sentimental, diz que vive a maior parte do tempo solitário e enfrenta resistência de parte dos colegas universitários.

Eu tenho minhas amizades. Agora, na maior parte do tempo, fico solitário.

Farah Jorge Farah

"Eu tenho minhas amizades. Agora, na maior parte do tempo, eu fico solitário. Eu gosto de conversar com as pessoas, mas estou aqui para estudar", disse Farah ao G1 na tarde de quinta-feira (15) ao deixar o campus Leste da USP.

Uma estudante do campus que pediu ao G1 para não ser identificada disse que Farah enfrenta resistência dos colegas e quase nunca é convidado para as rodas. Ela contou que certa vez, na fila do bandejão, fizeram piada sobre picadinho de carne para alfinetar o ex-cirurgião.

Farah disse que nunca ouviu a insinuação. "Não sei se é hostilidade ou se são brincadeiras para chamar atenção do Farah. Não sei se foram para alfinetar. Essa (piada sobre picadinho) ainda não saiu. Talvez tenha saído em rodas pequenas, fechadas. Peço a Deus que neste momento tape meus ouvidos porque eu já sofri tanto. Sofro sempre, todos os dias."

Na quinta-feira (15) , ao deixar a sala de aula, Farah conversava com a coordenadora da turma de gerontologia, Valéria Lima Lins, de 18 anos. Ela disse que o ex-médico é bem aceito, pelo menos pelos colegas de turma.

"O Farah entrou na sala, todo mundo aceitou bem ele. Até colocaram ele em alguns grupos de estudo. Todo mundo fala com ele. O passado dele não tem nada a ver com o presente", afirmou. Mas Valéria mesmo disse que no campus alguns alunos olham para o ex-médico com "cara torta".

Farah afirmou que também é alvo de hostilidades de seus colegas de direito na Unip. "Tem gente que nunca conversa comigo, não vai com a minha cara e não admite que eu faça faculdade", disse Farah. "Infelizmente as pessoas sobem em um pedestal", afirmou. O ex-médico disse que compreende a dificuldade das pessoas em aceitá-lo.

"Acredito que a verdade ainda vai transparecer. Isso vai depender de vocês (imprensa), conforme vocês me mostrarem. Eu não justifico nada. Não justifico nem matar uma barata hoje em dia. Não estou querendo comparar pessoas com baratas. Só quero que as pessoas entendam como estava minha cabeça na época das perseguições e das ameaças."

O ex-médico, que teve o registro cassado, viaja no trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) entre sua casa e o campus USP Leste. "Eu vou falar uma gíria. Eu passo o chapéu na família toda semana. Não está muito fácil. Perdi CRM, perdi um monte de coisas e agora estou aqui."



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