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Empresários e políticos são presos por esquema bilionário de mineração em MG

Vídeos e documentos exclusivos revelaram detalhes de um esquema de mineração bilionário em Minas Gerais. O grupo pretendia movimentar cerca de R$ 18 bilhões

Operação Rejeito | Foto: Reprodução/PF
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Um esquema de corrupção e mineração ilegal movimentou bilhões de reais em Minas Gerais. Segundo as investigações, empresários, servidores públicos e políticos estão entre os acusados de explorar áreas protegidas e causar graves danos ambientais em troca de propina. 

Enquanto moradores da comunidade de Botafogo, em Ouro Preto, sofriam com a escassez de água provocada pela mineração, em um dos áudios, o homem apontado como líder da quadrilha, Alan Cavalcante do Nascimento, ironizava a ação criminosa. “Pela quantidade de rejeito que a gente tem e que vai gerar ao longo dos anos, dá para colocar piso em Belo Horizonte toda.”

Lucro bilionário e destruição ambiental 

Moradores relataram que com a retirada a água diminuindo muito e está reduzindo cada vez mais. A empresa Patrimônio Mineração, ligada aos investigados, transformou a paisagem de uma área que é considerada patrimônio da humanidade. Uma das grutas da Serra de Ouro Preto foi soterrada durante a retirada de minério.

De acordo com a polícia, três homens comandavam o grupo: Alan Cavalcante do Nascimento, apontado como cabeça da quadrilha, João Alberto Paixão Lages, ex-deputado estadual de Minas Gerais e Helder Adriano de Freitas, especialista em mineração.

Operação Rejeito (Foto: Reprodução/ Polícia Federal)

Alan chegou a ser denunciado pela própria ex-mulher, que revelou detalhes do esquema, incluindo o armazenamento de US$ 10 milhões em malas escondidas em Alagoas. A investigação mostra que o grupo se aproximava de integrantes do poder público para conseguir vantagens. O homem teria comprado imóveis em prédios onde moravam juízas responsáveis por seus processos. Além disso,  também tentou se aproximar da então secretária de Meio Ambiente de Minas, Marília Carvalho de Melo, que acabou sendo ameaçada por João Alberto.

“Minha ação foi de garantir a legalidade, e por isso fui ameaçada”, disse Marília.

Esquema envolveu Empresas e servidores 

A empresa Fleurs Global, responsável por tratar o minério extraído na época, movimentou mais de R$ 4 bilhões em cinco anos e é apontada como o núcleo financeiro da organização criminosa. A investigação aponta que os chefes do esquema se associaram a outros servidores públicos presos por favorecem os negócios em troca de pagamento. Entre eles:

  • Caio Mário Trivellato Seabra Filho, diretor da Agência Nacional de Mineração;
  • Rodrigo de Melo Teixeira, delegado federal e suposto sócio oculto de uma das empresas.

Em nota, a Agência Nacional de Mineração reiterou sua colaboração com as autoridades. Outros dois servidores públicos presos foram: Arthur Ferreira Rezende, diretor da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e Rodrigo Gonçalves Franco, ex-presidente da Feam. Já os advogados de Artur e Rodrigo não foram localizados.

Alan, Helder e João Alberto foram transferidos para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande. Essa foi a primeira vez que presos por crimes ambientais são levados para uma penitenciária federal.

Investigados por esquema de mineração (Foto: Reprodução/ TV Globo)Após a operação, a exploração da Serra de Botafogo foi interrompida. Especialistas alertam para a urgência de recuperar áreas degradadas. “Aqui temos uma região impactada que precisa de um olhar cuidadoso, com licenciamento responsável e fiscalização efetiva”, afirmou a  Cristiane Castro Gonçalves, professora de Engenharia Geológica da UFOP.

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