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Hackers fraudam sistema e quatro detentos deixam presídio pela porta da frente; entenda

Descubra como hackers usaram credenciais legítimas para fraudar o sistema do CNJ e liberar 4 detentos do Ceresp Gameleira, em BH. Três continuam foragidos. Saiba mais!

Ricardo Lopes de Araujo, Wanderson Henrique Lucena Salomão e Nikolas Henrique de Paiva Silva | Foto: Divulgação/Sejusp-MG
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Um grupo de quatro detentos conseguiu deixar o Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte, pela porta da frente no último sábado (20), após hackers fraudarem ordens de soltura ao usar, de forma indevida, o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Os quatro haviam sido presos no dia 10 de dezembro, junto com outras cinco pessoas, suspeitas de integrar uma organização criminosa apontada como responsável por acessar ilegalmente sistemas do Judiciário. Eles deixaram a unidade prisional justamente em razão do crime que os levou à prisão: a manipulação fraudulenta de alvarás de soltura. Até a noite desta terça-feira (23), apenas um dos detentos havia sido recapturado, enquanto os outros três permaneciam foragidos.

De acordo com as investigações, a organização criminosa, formada por hackers e estelionatários, utilizava credenciais legítimas — como logins e senhas — associadas a magistrados para acessar o sistema do CNJ. Ainda não se sabe como essas credenciais chegaram às mãos dos criminosos. Com o acesso indevido, o grupo conseguia simular decisões oficiais e alterar dados sensíveis de processos judiciais.

O que o grupo tentava fazer?
As investigações indicaram que a quadrilha atuava em diferentes frentes dentro do sistema da Justiça. Entre as principais ações ilícitas apuradas estão:

  • Liberação de presos por meio da emissão fraudulenta de alvarás de soltura, o que de fato ocorreu no último sábado;

  • Alteração de dados de mandados de prisão, o que poderia impedir o cumprimento de ordens judiciais;

  • Desbloqueio de valores retidos pela Justiça, possibilitando o desvio de recursos sob decisão judicial;

  • Liberação de veículos apreendidos, com alteração irregular do status de bens.

Como ocorreu a liberação dos presos?
A liberação irregular aconteceu após a inserção das falsas ordens judiciais no Banco Nacional de Mandados de Prisão, que integra o sistema do CNJ. A partir dessas informações, a Secretaria de Justiça de Minas Gerais recebeu os dados e efetuou a liberação dos detentos.

O que ocorreu com os presos soltos?
Dos quatro detentos liberados irregularmente do Ceresp Gameleira, um foi recapturado. Os outros três continuam foragidos e são procurados pelas forças de segurança.

Quem são os envolvidos?

  • Ricardo Lopes de Araujo: deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui duas passagens pelo sistema prisional desde 2016.

  • Wanderson Henrique Lucena Salomão: deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2016.

  • Nikolas Henrique de Paiva Silva: deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Esta é sua única passagem pelo sistema prisional.

  • Júnio Cezar Souza Silva: deu entrada no Ceresp Gameleira em 10 de dezembro de 2025. Possui três passagens pelo sistema desde 2020 e foi recapturado na noite desta segunda-feira (22).

O que disse o CNJ?
O Conselho Nacional de Justiça afirmou que não houve invasão nem falha estrutural em seus sistemas. Segundo o órgão, ocorreu o uso fraudulento de credenciais verdadeiras, e todas as decisões falsas foram identificadas e canceladas em menos de 24 horas. O CNJ informou ainda que não há indícios de falha sistêmica nem de envolvimento funcional de servidores.

O que informou o TJMG?
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais declarou que as ordens forjadas já foram anuladas. Segundo o Judiciário, os alvarás não foram expedidos por juízes, e os mandados de prisão foram restabelecidos. As forças de segurança foram acionadas para recapturar os foragidos.

Que medida o governo de Minas anunciou?
O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (PSD), afirmou que o estado vai atrasar o cumprimento das próximas ordens de soltura para verificar a autenticidade das decisões judiciais após o episódio.

O caso segue sob investigação?
Sim. A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais e o Tribunal de Justiça informaram que o caso continua sob apuração.

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