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Justiça absolve funcionário que matou patrão em confraternização de fim de ano

A defesa afirma que a absolvição ocorreu após análise completa das provas e depoimentos reunidos no inquérito.

Funcionário Eliandro e o empresário Kerli em foto publicada das redes sociais da empresa em 2022 | Foto: Reprodução
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A Justiça de Minas Gerais absolveu Eliandro Bastos, de 36 anos, acusado de matar o empresário Kerli Fabrício durante uma confraternização de fim de ano realizada em dezembro de 2024, em Cláudio. A decisão foi tomada em setembro, mas não teve detalhes divulgados porque o processo segue em segredo de Justiça. Eliandro está em liberdade desde janeiro deste ano, depois de conseguir um alvará de soltura no Presídio Floramar, em Divinópolis.

A defesa afirma que a absolvição ocorreu após análise completa das provas e depoimentos reunidos no inquérito. O advogado Pedro Henrique Oliveira Bispo dos Santos explica que tanto a defesa quanto o Ministério Público se manifestaram pela absolvição, e o juiz entendeu que Eliandro agiu em legítima defesa. Por causa do sigilo, o advogado evita comentar o conteúdo da sentença, mas acredita que o entendimento deve ser mantido na segunda instância.

Do outro lado, a família do empresário recebeu a decisão com expectativa oposta. O advogado Gabriel Melo Vieira, representante dos parentes de Kerli, disse confiar que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais deve restabelecer a condenação e reforçou que, pela gravidade do caso e pelo segredo de Justiça, eventuais manifestações da família ocorrerão apenas nos autos.

O QUE ACONTECEU NAQUELA NOITE?

A noite da confraternização começou com clima de festa, mas terminou em violência. Segundo a Polícia Militar, Eliandro e Kerli discutiram durante o evento. O empresário teria avisado ao funcionário que ele seria demitido por ser considerado “muito caro” para a empresa. A fala, segundo a defesa, gerou revolta em Eliandro, que acabou quebrando no chão uma garrafa de vinho recebida como presente do patrão. Ainda conforme o relato, Kerli advertiu o funcionário pelo ato, exigiu que ele limpasse o chão e impediu sua saída ao trancar o portão da empresa.

Momentos depois, já na portaria social, Eliandro desferiu três facadas contra Kerli. O empresário chegou a ser socorrido, mas morreu no Pronto Atendimento Municipal. A empresa informou, na época, que patrão e funcionário eram amigos próximos e que não havia “explicação lógica” para a reação de Eliandro, que era o colaborador mais antigo da equipe.

Após o ataque, Eliandro fugiu, procurou o irmão e pediu que acionasse a polícia porque queria se entregar. Ele foi localizado por militares e acabou preso. A Polícia Civil registrou o caso como homicídio qualificado por motivo fútil.

Meses depois, a defesa apresentou a tese de legítima defesa, sustentando que Eliandro não tinha intenção de matar o patrão e que usou a faca que encontrou no local para se proteger em meio ao descontrole emocional do momento. O advogado afirma que o cliente não tinha histórico de violência, não planejou o ataque e teria reagido ao sentimento de ameaça.

A soltura de Eliandro ocorreu no início do ano após pedido da defesa, acolhido pelo Ministério Público e autorizado pelo juiz do caso. Com a absolvição em primeira instância, o processo agora aguarda os trâmites recursais sob segredo de Justiça. Enquanto isso, defesa e família da vítima se preparam para uma nova disputa jurídica que deve prolongar a discussão sobre o que, de fato, aconteceu naquela noite de confraternização.

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