A Justiça determinou o afastamento do subsecretário de Tratamento Penitenciário do Rio de Janeiro, Lúcio Flávio Correia Alves, e de três inspetores da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) por suspeita de extorsão a presos. A decisão foi tomada pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa após um detento denunciar que foi coagido a pagar R$ 600 mil para obter um laudo médico que garantiria sua prisão domiciliar.
Esquema e intimidação
A investigação aponta que policiais penais e profissionais de saúde participavam de um esquema de venda de laudos médicos dentro do sistema penitenciário. O caso veio à tona após o detento Cleiton Oliveira Meneguit, que se recuperava de uma cirurgia bariátrica, enviar cartas à Justiça denunciando a pressão que sofria. Ele afirmou que foi retirado da cela duas vezes para negociar o pagamento e descreveu os envolvidos como “abutres que só querem tirar proveito”.
Além da extorsão financeira, advogados suspeitos foram até a casa da companheira do detento sem aviso prévio, em uma possível tentativa de intimidação. A visita foi registrada por câmeras de segurança. Três dias depois, os mesmos advogados foram vistos dentro da unidade prisional conversando com o preso, sem terem qualquer vínculo oficial de defesa com ele. O encontro levantou suspeitas da Corregedoria da Seap.
Mandados e investigações
Promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) cumpriram 10 mandados de busca e apreensão. Além do subsecretário, foram afastados o então diretor do hospital penitenciário, Thiago Franco Lopes, o subdiretor, Aleksandro dos Santos Rosa, e o chefe de segurança da unidade, Márcio Santos Ferreira. Também são investigados médicos, enfermeiros, nutricionistas e advogados.
Thiago Franco Lopes negou qualquer envolvimento e disse que as acusações fazem parte de uma disputa política dentro da Seap. Já a Fundação Saúde informou que, ao tomar conhecimento da investigação, determinou o afastamento imediato dos profissionais citados na sindicância. A Corregedoria segue apurando o caso, que revelou mais um grave esquema de corrupção dentro do sistema prisional do Rio de Janeiro.