A Polícia Civil de São Paulo apura se o uso de metanol para higienizar garrafas falsificadas está por trás do aumento de casos de intoxicação registrados nos últimos dias. Essa é, até o momento, a principal linha de investigação das autoridades, que trabalham para identificar a origem da contaminação e os responsáveis pelo esquema.
As apurações começaram após o rastreamento das bebidas consumidas pelas vítimas. A polícia percorreu bares e distribuidoras, acompanhando o trajeto dos produtos até fábricas clandestinas de bebidas. Nessas operações, agentes recolheram amostras suspeitas e documentos para análise. Peritos já confirmaram a presença de metanol em pelo menos duas garrafas.
Prisão e apreensões
Na sexta-feira (3), um grande fornecedor foi preso na Zona Norte da capital paulista. Ele é acusado de fornecer materiais usados na falsificação de uísques, vodcas e gins, desde garrafas e tampas até rótulos e selos de IPI falsificados. Segundo a polícia, os itens eram armazenados em dois imóveis diferentes.
Somente nesta semana, mais de 2.500 garrafas adulteradas foram apreendidas e nove estabelecimentos, incluindo duas distribuidoras, foram fechados. A Polícia Civil segue investigando o envolvimento de outros fornecedores e a origem do metanol utilizado nas falsificações.
Casos pelo Brasil
De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o Brasil registrou até a manhã deste sábado (4) 113 notificações de intoxicação por metanol e 12 mortes. As ocorrências se espalham por seis estados: São Paulo, Pernambuco, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Bahia e Paraná.
O Ministério da Saúde reforçou o alerta sobre o consumo de bebidas de procedência duvidosa e orientou que casos suspeitos sejam imediatamente notificados às secretarias estaduais e municipais.
Com o avanço das investigações e o aumento dos casos, autoridades de saúde e segurança reforçam o alerta: o consumo de bebidas de origem desconhecida pode ser fatal. O metanol é um composto altamente tóxico, usado em solventes e combustíveis, e sua ingestão mesmo em pequenas quantidades pode causar cegueira, coma ou morte.
Suspeita no Piauí
No Piauí, foi confirmado o primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol, registrado em Parnaíba. Um homem de 28 anos foi internado no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA) após ingerir gin possivelmente adulterado. Em nota, o hospital informou que “todas as condutas estão sendo adotadas em conformidade com as recomendações oficiais”.
Segundo apuração do repórter da Rede Meio Norte, Carlos Mesquita, o paciente apresentou sintomas compatíveis com intoxicação e permanece sob observação médica. A Polícia Civil do Piauí investiga a origem da bebida e a possível conexão com os casos registrados em outros estados.
Situação em Teresina
Enquanto isso, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que não há registros de casos suspeitos de intoxicação por metanol em Teresina. O órgão intensificou o monitoramento após o aumento de notificações no país e reforçou a vigilância junto à rede municipal de saúde.
De acordo com a FMS, as intoxicações exógenas são de notificação compulsória e estão sob acompanhamento da Diretoria de Vigilância em Saúde. Os atendimentos seguem os protocolos clínicos estabelecidos, com atenção especial a sintomas como náuseas, tontura, confusão mental e perda de visão, sinais típicos da contaminação por metanol.