A Polícia Federal apreendeu um jatinho particular e veículos de luxo durante a Operação Slim, deflagrada nesta quinta-feira para desarticular uma rede nacional dedicada à produção e comercialização clandestina de tirzepatida manipulada, substância ativa do Mounjaro, medicamento indicado para diabetes e amplamente usado no controle de sobrepeso e obesidade. Entre os itens recolhidos pelos agentes estão um avião executivo, uma Ferrari e uma Land Rover Defender.
Empresa alvo atuava como laboratório clandestino
De acordo com a PF, o jatinho apreendido está ligado à Unikka Pharma, empresa apontada como principal alvo da operação. Em seu site oficial, a Unikka se apresenta como:
“uma empresa farmacêutica especializada em medicamentos injetáveis, fundada em 2022, com a missão de revolucionar o mercado nacional”.
As investigações, porém, indicam que a companhia mantinha uma estrutura incompatível com qualquer padrão sanitário.
Em nota, a PF afirmou que “o grupo mantinha estrutura de fabricação em condições incompatíveis com padrões sanitários, realizando envase, rotulagem e distribuição do produto de forma irregular”.
Ainda segundo a corporação, foram identificados indícios de produção em série em escala industrial, procedimento proibido para farmácias de manipulação.
Operação ocorreu em quatro estados
A Operação Slim cumpriu mandados de busca e apreensão em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Os alvos incluem clínicas, laboratórios, comércios e residências ligadas aos investigados. A ação contou com apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo a PF, a rede desmontada era estruturada para fracionar, envasar e distribuir a tirzepatida manipulada de forma clandestina, vendida como se fosse equivalente ao medicamento original.
Vendas eram feitas pela internet sem controle de qualidade
A investigação apontou também que o produto era comercializado em plataformas digitais, sem qualquer certificação, teste ou controle laboratorial.
De acordo com a PF, “o medicamento era comercializado em plataformas digitais, sem qualquer tipo de controle de qualidade”, o que colocava consumidores em risco.
Além disso, estratégias de marketing digital induziam usuários a acreditar que esse tipo de manipulação seria autorizado.
“Estratégias de marketing digital induziam o público a acreditar, de maneira equivocada, que a produção rotineira da tirzepatida seria permitida”, informou a corporação.
Rede atuava como indústria farmacêutica clandestina
As autoridades apontam que o esquema funcionava como uma indústria paralela, operando fora das normas sanitárias e da legislação que regula medicamentos injetáveis no país. Agora, os materiais apreendidos, incluindo as aeronaves e automóveis de luxo, seguem sob análise e serão usados na quantificação do patrimônio obtido com a atividade ilegal.