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Vídeo de mulher lamentando morte de filho traficante em megaoperação é falso e feito com IA

Ferramenta de detecção apontou uso de IA do Google. Cena viralizou poucos dias após megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio

Imagens mostram falhas típicas de conteúdos gerados por IA, como erros nos cartazes e bandeiras | Foto: Reprodução
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Circula nas redes sociais um vídeo de 15 minutos que mostra o suposto depoimento da mãe de um traficante morto durante a megaoperação policial que deixou 121 mortos na última terça-feira (28), no Rio de Janeiro. A gravação, que se espalhou rapidamente, é falsa. O material foi criado com o uso de inteligência artificial (IA) e não retrata uma situação real.

Publicado no YouTube no domingo (2), o vídeo ultrapassou 530 mil visualizações em poucos dias. Intitulado “‘Meu filho escolheu caminho errado! Eu avisei’: Mãe de traficante morto na operação do Rio fala tudo”, o conteúdo mostra uma mulher segurando um cartaz com a foto de um jovem, enquanto ao fundo outras pessoas exibem cartazes semelhantes. A mulher afirma: “Meu filho estava errado. Ele escolheu o caminho errado”. Na descrição, o vídeo se apresenta como um relato comovente de uma mãe que reconhece os erros do filho e elogia as forças de segurança — apenas depois é exibido um pequeno aviso de que se trata de uma dramatização.

Apesar da advertência, muitas pessoas acreditaram na veracidade do conteúdo. A seção de comentários do vídeo foi tomada por mensagens de apoio, como “Você é uma mãe guerreira, seu filho que não te ouviu” e “Mãe é quem mais sofre, você fez tudo por ele”. O engano se espalhou principalmente após a megaoperação da Polícia do Rio nos complexos do Alemão e da Penha, considerada a mais letal da história do estado, o que aumentou o interesse por conteúdos relacionados ao tema.

vídeo foi criado por inteligência artificial

Um serviço de checagem confirmou que o vídeo foi criado por inteligência artificial. O material foi submetido ao SynthID Detector, ferramenta do Google capaz de identificar conteúdos gerados com a IA da própria empresa. O resultado foi claro: “Feito com IA do Google (vídeo) – Synth ID identificado em todo ou parte do conteúdo carregado”. Essa tecnologia insere uma espécie de marca d’água invisível em vídeos, imagens, áudios e textos fabricados digitalmente, permitindo a detecção de produções sintéticas mesmo que pareçam reais.

Além disso, o áudio do vídeo foi avaliado pela plataforma Hiya, que detecta manipulações vocais por IA. O resultado apontou nível de autenticidade 1 em 100, confirmando que se trata de um deepfake, técnica que cria ou altera falas e imagens de forma hiper-realista. Diferente de montagens que se baseiam em vídeos reais, a IA utilizada neste caso é capaz de produzir cenas inteiramente do zero, sem qualquer referência a pessoas ou fatos existentes. O caso reforça o alerta sobre o poder de desinformação das novas tecnologias e a importância da verificação de conteúdo antes de compartilhar informações nas redes.

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