O relatório final da Polícia Federal sobre a investigação que apura um monitoramento ilegal de autoridades pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) apontou o uso de ferramentas do órgão para espionar uma série de personalidades, como deputados, investigadores e até caminhoneiros.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tirou o sigilo do relatório nesta quarta (18). A PF indiciou mais de 30 pessoas. Para os investigadores, a Abin foi utilizada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para fins políticos e pessoais.
A lista de indiciados entregue ao STF inclui o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, o ex-diretor da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem — ambos do PL — e o do atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa.
ALVOS POLÍTICOS
A PF também aponta que foram alvo de “dossiês” da Abin:
Alexandre de Moraes, ministro do STF;
Luís Roberto Barroso, presidente do STF;
deputado Kim Kataguiri (União-SP);
deputado Arthur Lira (PP-AL);
senador Renan Calheiros (MDB-AL);
senador Omar Aziz (PSD-AM);
senador Randolfe Rodrigues (PT-AP);
OUTROS INVESTIGADOS
O ex-deputado Jean Wyllys e o humorista Gregório Duvivier também foram monitorados a pedido da presidência, o que se comprova a partir de uma troca de mensagens de Giancarlo, que estava fisicamente no GSI no momento.
“Fala, amigão. Eles são muito ariscos. Trocam de chip a todo instante. Mas consegui um número que o Jean usou para baixar o Telegram. O DDD era do Cear. Já deve ter mudado, mas pode ser um bom ponto de partida. Podemos puxar o CPF dessa linha e ver se habilitaram outros telefones nele. Ele também tem o site e o Instagram. Estou em cima. Parece que estão usando Signal”, afirmou um dos agentes.
JORNALISTAS
O programa também foi usado para monitorar jornalistas que atuavam investigando a atuação do governo e tentavam escancarar a existência do gabinete paralelo, como o caso da jornalista Luiza Alves Bandeira. Outro jornalista monitorado, Pedro Cesar, virou alvo da Abin por ser um dos responsáveis pelo ato "Fora Bolsonaro".
A PF aponta ainda o monitoramento dos jornalistas Vera Magalhães, Luiza Bandeira, Pedro Batista, Reinaldo Azevedo e Alice Martins de Costa Maciel, que segundo os agentes é uma “jornalista left” responsável por fazer trabalhos investigativos.
RENAN BOLSONARO
A Abin também foi utilizada, de forma clandestina, para interferir nas investigações da Polícia Federal contra o filho do ex-presidente. Além disso, a agência recebeu um pedido para “caçar podre” de Allan Gustavo Lucena do Norte, ex-sócio e personal trainer de Jair Renan Bolsonaro, o filho 04.
Os agentes chegaram até a fazer vigilância do ex-sócio, que desconfiou da movimentação e chamou a Polícia Militar, que deteve um dos agentes, mas ele acabou fugindo para não ser levado à Polícia Civil.
Com informações do g1.