O advogado de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno, afirmou em entrevista à GloboNews que o ex-presidente não tinha intenção de fugir quando tentou danificar a tornozeleira eletrônica usando uma ferramenta de solda — ação que levou o Supremo Tribunal Federal a decretar sua prisão preventiva.
Segundo Cunha Bueno, a tentativa de manipular o equipamento não significa que Bolsonaro pretendia escapar:
“Você simplesmente interagir com a tornozeleira não equivale a dizer que pretendia fugir. A fuga exigiria uma estrutura complexa. Se ele quisesse fugir, teria cortado a tornozeleira”, declarou.
O advogado disse ainda que não havia condições práticas para Bolsonaro deixar o condomínio, que conta com presença constante de policiais federais. “Ele não teria como fugir. Uma pessoa como o presidente Bolsonaro, ao colocar o pé na esquina, é imediatamente reconhecida”, afirmou.
Cunha Bueno reforçou a tese de que Bolsonaro teve um surto ao tentar remover o dispositivo eletrônico, devido a efeitos colaterais de medicamentos psiquiátricos. Segundo ele, um novo remédio havia sido incluído na lista de medicações poucos dias antes do episódio.
“Essa medicação nova foi prescrita três dias antes. Você junta isso com outras duas medicações psiquiátricas já em uso, em um paciente idoso, mais vulnerável a interações, e acaba produzindo uma situação… provavelmente atuou para que ele passasse o ferro de solda na tornozeleira”, explicou.
O advogado também comparou o caso ao do ex-presidente Fernando Collor, que cumpre prisão domiciliar em Maceió (AL). Ele afirmou que a tornozeleira de Collor chegou a ficar descarregada por 36 horas “— tempo suficiente para dar uma volta e meia no mundo” — sem que isso resultasse em prisão. “Desrespeitou o uso da tornozeleira? Desrespeitou”, disse.