O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, afirmou neste sábado (15) que a decisão do governo Donald Trump de reduzir tarifas sobre produtos brasileiros representa um avanço e segue “na direção correta”. Segundo ele, embora a medida seja positiva, as negociações continuarão para que novas reduções ocorram, já que as taxas permanecem altas em vários segmentos.
A redução foi anunciada pelos Estados Unidos na noite de sexta-feira (14) e abrange cerca de 200 produtos alimentícios, entre eles café, carne, açaí e manga. Para o Brasil, as tarifas caíram de 50% para 40%. Alckmin destacou que o valor ainda é considerado uma “distorção” e que o governo brasileiro trabalhará para buscar condições mais equilibradas.
O vice-presidente atribui o avanço às conversas recentes entre autoridades dos dois países, citando o diálogo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, além de reuniões entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. Segundo ele, essas tratativas reforçam a expectativa de que o tema siga evoluindo.
Com a nova medida, o governo brasileiro estima que a parcela das exportações nacionais aos Estados Unidos que não enfrentam tarifas adicionais passou de 23% para 26%. Isso significa que aproximadamente US$ 10 bilhões das vendas ao país norte-americano estão livres de sobretaxas.
POR OUTRO LADO
Apesar da repercussão, setores produtivos inicialmente tiveram dúvidas sobre o alcance da redução. O Ministério da Agricultura esclareceu que a mudança se refere somente às chamadas taxas de reciprocidade, de 10%, impostas por Trump em abril. A tarifa adicional de 40%, estabelecida em julho sobre os produtos brasileiros, permanece em vigor.
Alguns segmentos foram mais beneficiados que outros. No caso do suco de laranja, por exemplo, a tarifa foi zerada, impactando um mercado estimado em US$ 1,2 bilhão. Já o café teve redução de apenas 10%, enquanto países concorrentes obtiveram cortes maiores, o que, segundo Alckmin, reforça a necessidade de novas negociações para ampliar a competitividade.
Mais tarde, Donald Trump declarou que não prevê outras reduções tarifárias. Ele afirmou que o recuo atual já é suficiente e que os preços do café, um produto fortemente pressionado no mercado interno americano, devem cair em breve.
A posição causa preocupação entre produtores brasileiros. Em comunicado, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) lamentou que as tarifas não tenham sido completamente eliminadas. De acordo com a entidade, a manutenção dessa carga sobre o Brasil amplia desequilíbrios no comércio e tende a reduzir as exportações de cafés especiais para os Estados Unidos no curto prazo.