Durante entrevista à jornalista Vera Magalhães, o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), manifestou preocupação com o que chamou de "excessos por parte dos poderes" em Brasília. Segundo ele, a tensão entre Executivo, Legislativo e Judiciário na capital federal tem sido prejudicial ao país e não se repete nos estados.
“Esse tema que você toca é muito preocupante, porque de fato a gente tem visto, sobretudo em Brasília, muitas vezes excessos por parte dos poderes em relação às competências ou prerrogativas dos demais poderes”, afirmou.
↘️ CENÁRIO É DIFERENTE NOS ESTADOS, DIZ GOVERNADOR
Fonteles observou que, nos estados, há uma convivência mais equilibrada entre os três poderes, independentemente da orientação política de seus governantes. “Na maioria dos estados, que também têm Executivo, Legislativo e Judiciário, não acontece, independente do governo ser um governo mais à esquerda ou um governo mais à direita”, argumentou.
Ele questionou o motivo pelo qual a mesma harmonia prevista na Constituição não se repete no plano federal, ressaltando que é necessário um esforço de contenção por parte de todos.
“Realmente precisa um exercício de autocontenção de cada um dos poderes e, quando não há autocontenção, a gente sabe também que um poder só é freado por outro poder. Por isso que tem essa teoria da separação dos poderes”, explicou.
↘️ POLARIZAÇÃO E AÇÕES NO STF AGRAVAM CENÁRIO
Para o governador piauiense, a polarização política contribui para os conflitos institucionais. Ele também apontou que o Judiciário é frequentemente provocado por ações de partidos políticos derrotados no Congresso.
“O ambiente de polarização política termina gerando isso, porque o Judiciário normalmente se manifesta quando há uma ação. E aí, às vezes, a ação vem dos próprios partidos políticos lá no Congresso, quando perdem uma votação, entram com ação no Supremo”, pontuou.
“O Supremo tem que tomar alguma decisão, e a decisão normalmente agrada a uns e desagrada a outros”, completou.
↘️ EXCESSOS NÃO SÃO EXCLUSIVOS DO GOVERNO ATUAL
Fonteles fez questão de lembrar que a situação não é nova e também ocorreu em gestões anteriores.
“Repito, isso não é deste governo atual. Você vê que no governo anterior, que é totalmente oposto do ponto de vista ideológico, também havia essas dificuldades, esses excessos de parte a parte”, lembrou.
“E isso é muito ruim para o Brasil”, finalizou.
↘️ DIÁLOGO COMO CAMINHO PARA SUPERAR A CRISE
Ao encerrar sua análise, Rafael Fonteles reforçou a importância do diálogo entre os poderes para garantir a estabilidade institucional e o avanço das pautas prioritárias do país.
“Tá faltando mais diálogo de todas as partes, creio eu, para a gente voltar a ter essa harmonia entre os poderes, sobretudo em Brasília”, concluiu.