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Governador do Piauí quer leis mais duras e defende valores cristãos: “Lula tem espiritualidade muito forte”

Em entrevista ao Roda Viva, Rafael Fonteles defendeu maior rigor no combate à criminalidade, pontuando ainda a necessidade de diálogo com os evangélicos.

Rafael Fonteles em entrevista ao programa Roda Viva. | Reprodução/Divulgação

Em entrevista concedida ao programa Roda Viva nesta segunda-feira (28), o governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), destacou a necessidade de equilíbrio fiscal para garantir políticas públicas sustentáveis, além de defender o fortalecimento da segurança pública como prioridade nacional.

O petista quer o endurecimento das leis de combate à criminalidade. 

Compromisso com a responsabilidade fiscal

Fonteles afirmou que a sustentabilidade econômica passa pela responsabilidade na gestão das contas públicas. 

Eu sou um dos defensores da importância do equilíbrio fiscal até para a gente poder conduzir as políticas públicas tão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro. 

O governador elogiou o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad

Ele tem feito um grande trabalho, tem correspondido às expectativas e tem garantido cumprimento do arcabouço fiscal.

Segundo Fonteles, os resultados já começam a ser sentidos: 

Começa a haver também agora, mais recentemente, um arrefecimento do dólar, que já está contribuindo para reduzir a inflação. O próprio Boletim Focus de hoje, já pela segunda semana consecutiva, coloca para baixo a sua previsão de inflação.

Ele ressaltou que o governo consegue manter o equilíbrio fiscal sem abrir mão de políticas sociais: 

O grande desafio é que a inflação, dado que há uma demanda muito forte, o consumo das famílias aumentando, não saia da meta, e eu tenho visto todo um esforço do governo federal nessa direção.

Governador do Piauí, Rafael Fonteles, destaca que Lula vem recuperando a popularidade (Foto: Reprodução/Tv Cultura) 

Governabilidade e diálogo com o Congresso

Fonteles destacou ainda a importância da articulação política

O Tribunal de Contas está no seu papel de apontar a segurança da peça orçamentária, mas isso foi resolvido pela política, porque quem decide as leis é o Congresso Nacional. Por isso que eu fico muito feliz de ver o presidente Lula cada vez mais se aproximando dos líderes do Congresso Nacional.

Sobre seu conhecimento em gestão fiscal, o governador relembrou sua experiência como secretário de Fazenda: "Eu fui secretário de Fazenda e um dos livros que eu li é o do Thomas Traumann, que é O Pior Emprego do Mundo. O secretário de Fazenda, o ministro da Fazenda, tem esse papel de proteger o Tesouro".

Reforma tributária e combate às desigualdades regionais

O governador criticou as distorções históricas que favorecem estados do Centro-Sul em detrimento do Nordeste. "Nós fomos à luta para que esse benefício do Propag não beneficiasse apenas os estados superendividados, que, coincidência ou não, são todos do Centro-Sul do país", afirmou.

Fonteles celebrou a aprovação do fundo de equilíbrio federativo: "Nós teremos pelo menos uma compensação com o fundo de equilíbrio federativo". Ele também comentou a necessidade da reforma tributária: "O ICMS é o único imposto sobre consumo do mundo que parte fica na origem. Isso não é correto e, finalmente, a reforma tributária vai corrigir essa distorção histórica, ainda que vá demorar 50 anos".

Segurança pública como prioridade

Rafael Fonteles defendeu a necessidade de endurecer o combate ao crime organizado e reforçou o papel dos estados na segurança pública. "A responsabilidade principal da segurança pública são os governadores. Eles têm que ter uma consciência, porque quem comanda as forças policiais são os governadores", pontuou.

O governador também se mostrou favorável à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da segurança pública: "Esperamos que aconteça o mesmo que aconteceu com a educação quando se constitucionalizou o Fundef e o Fundeb, ou seja, mais recursos da União para os estados".

Sobre a atuação no Piauí, Fonteles destacou: 

O Piauí está entre os três estados com menor letalidade policial. Tenho orgulho de dizer que a nossa polícia é uma das menos violentas do Brasil e a menos violenta do Nordeste.

Investimentos em tecnologia e inovação

O governador ressaltou a importância do uso de tecnologia no combate ao crime: "O Estado do Piauí desenvolveu, com muita inovação, uma estratégia para recuperar celulares roubados, que virou protocolo nacional. Conseguimos devolver mais de 10 mil aparelhos".

Ele reforçou a redução de crimes no estado: "Na área de homicídios, 20% de redução; no roubo de veículos, 27% de redução. Essa é uma agenda prioritária do nosso governo".

Rafael Fonteles defende a segurança pública como prioridade (Foto: Reprodução/TV Cultura)

Crime organizado e endurecimento das leis

Sobre o combate ao crime organizado, Fonteles defendeu leis mais duras: "Nós, os governadores do PT, defendemos o endurecimento das leis em relação ao combate à criminalidade organizada. Mais de 75% das pessoas assassinadas já passaram pelo sistema penitenciário. Há necessidade de mantê-las presas, inclusive para salvar suas próprias vidas".

Relação entre o Consórcio Nordeste e o governo federal

O governador comentou o papel do Consórcio Nordeste e relembrou o episódio dos respiradores durante a pandemia: "Quem fez a denúncia foi o próprio Consórcio Nordeste. E essa decisão do TCU, isentando inclusive a responsabilidade do consórcio e de seus dirigentes, demonstra que a Polícia Federal atua doa a quem doer".

Segundo ele, a criação do consórcio foi uma resposta às perseguições sofridas durante o governo anterior: "O Consórcio Nordeste surgiu exatamente porque os estados nordestinos foram perseguidos pelo ex-presidente Bolsonaro. Foi uma estratégia de defesa".

Fonteles também elogiou a postura do presidente Lula

Hoje temos um presidente que dialoga com o Consórcio Nordeste e com qualquer outro governador, de maneira republicana, sem perseguição.

Eleições e cenário político nacional

Sobre a força eleitoral do presidente Lula no Centro-Sul, o governador ponderou: "O presidente Lula ganhou a eleição na cidade de São Paulo em 2022, para dar um exemplo. É claro que ele é mais forte no Nordeste, mas continua forte no Centro-Sul".

Rafael Fonteles acredita que a eleição de 2026 tende a repetir a polarização: "Acredito que a eleição novamente vai ser polarizada entre o Lula e o candidato apoiado pelo Bolsonaro. Se Bolsonaro não puder ser candidato, aqueles que tiverem seu apoio terão mais chances".


Rafael Fonteles defende aproximação entre religião e política e diz que Lula tem "espiritualidade cristã muito forte"

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT), afirmou que vê como natural o fortalecimento da ligação entre religião e política no Brasil. Fonteles citou uma pesquisa encomendada por uma instituição do mercado financeiro que indicaria que mais de 80% da população deseja a aproximação entre fé e política.

"Pesquisa encomendada por uma instituição do mercado financeiro apontou que mais de 80% da população deseja uma aproximação entre fé e política. Então, embora as pessoas defendam o Estado laico — e é correto que se defenda —, a maioria da população sinaliza querer essa ligação", afirmou o governador.

Segundo Rafael Fonteles, o peso da religião nas eleições é uma realidade refletida no perfil majoritariamente cristão da população brasileira. "Somos um país majoritariamente cristão, então é natural que a força dos cristãos, católicos e evangélicos, tenha um peso muito grande no processo eleitoral", declarou.

POSTURA DE LULA 

O governador também elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação às pautas religiosas, destacando que o petista tem forte identificação com valores cristãos. "Eu acredito que o presidente Lula tem uma espiritualidade cristã muito forte, como eu também tenho. E naturalmente, defendendo os valores de Cristo, da família, é esperado que o presidente se aproxime cada vez mais da comunidade evangélica e da comunidade católica mais conservadora, para evitar que fake news distorçam a percepção pessoal sobre ele em várias questões", afirmou.

Fonteles destacou ainda que, atualmente, questões de identidade e valores têm tanto peso quanto a economia nas decisões do eleitorado. "Hoje, não é apenas o tema econômico que domina a decisão das pessoas: essa identidade com os valores cristãos é muito forte. E eu acredito que, com sua espiritualidade aguçada e os valores que sempre defendeu, o presidente Lula vai se comunicar cada vez melhor com a população também sobre esses temas", concluiu.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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