SEÇÕES

Esse candidato a prefeito de Teresina foi encontrado morto com um tiro antes das eleições

No Memória de hoje, relembramos a história de Afonso Gil Castelo Branco, que marcou história no Piauí.

Afonso Gil Castelo Branco não conseguiu disputar o comando da Prefeitura. | Foto: Agência Brasil
Siga-nos no

Natural de Belém do Pará, Afonso Gil construiu sua vida pública no Piauí, onde exerceu a função de promotor de Justiça por mais de vinte anos. Reconhecido pela postura firme contra o crime organizado e pela coragem em denunciar grupos de extermínio, ganhou respeito entre aliados e temor entre criminosos. As constantes ameaças que recebia o obrigavam a viver em alerta permanente, sempre sob a sensação de estar vigiado.

Da promotoria ao parlamento

Em 2002, Afonso Gil ingressou na política e se elegeu deputado federal pelo PCdoB, com expressivos 76 mil votos. Pouco depois, migrou para o PDT, onde estreitou vínculos com Leonel Brizola, então presidente nacional da legenda. Seu desempenho político e popularidade o colocaram no radar como possível candidato à Prefeitura de Teresina, com índices de intenção de voto entre 11% e 16%.

Afonso Gil Castelo Branco aparecia com uma boa intenção de voto nas pesquisas 

Uma morte inesperada e o impacto político

A morte repentina do deputado, às vésperas do período eleitoral, deixou o PDT atônito e obrigou o partido a buscar rapidamente um substituto. A notícia gerou comoção entre amigos e correligionários. Dada sua trajetória marcada por embates com organizações criminosas, muitos chegaram a cogitar a hipótese de assassinato.

A sucessão na Câmara e novos rumos

Com a vacância do mandato, assumiu a vaga o suplente Simplício Mário (PT-PI), conhecido no estado por sua atuação como coordenador do programa Fome Zero e ex-presidente do Sindicato dos Bancários. Simplício já havia ocupado a cadeira de forma interina no ano anterior. Após um curto período em Brasília, decidiu retornar ao Piauí, desistindo da pré-candidatura à prefeitura de Piripiri.

A conclusão da investigação

Três meses após o falecimento, em novembro de 2004, a Polícia Federal encerrou o inquérito. O delegado Nelson Estevam anunciou em coletiva que a investigação concluiu pelo suicídio, fundamentada em 11 laudos periciais elaborados por equipes da própria PF.

Um legado interrompido

A perda de Afonso Gil representou um duro golpe para a política do Piauí. Sua memória ficou associada à imagem de um homem público combativo, disposto a enfrentar riscos pessoais em nome da Justiça. Mesmo com o caso encerrado oficialmente, a ausência do deputado permanece como uma ferida aberta na vida política do estado, tanto pelo impacto emocional quanto pela lacuna que deixou em um momento decisivo. 

Tópicos
Carregue mais
Veja Também