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Ex-deputado federal revela segredos do Congresso e sugere cashback de 40% em emendas

Berzoini comparou o atual Parlamento a um conglomerado de negócios privados, onde cada gabinete administra valores milionários com autonomia quase irrestrita.

Berzoini deu declarações polêmicas sobre o atual Congresso Nacional. | Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
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Durante entrevista ao Fórum Onze e Meia na última semana, o ex-deputado federal Ricardo Berzoini lançou duras críticas ao funcionamento do Congresso Nacional e às emendas parlamentares. Segundo ele, há indícios em Brasília de que algumas dessas emendas retornam aos parlamentares em forma de propina. Há quem diga, não tenho prova, mas há quem diga que emenda parlamentar de show tem cashback de 40%, alertou.

Congresso como “holding” política

Berzoini comparou o atual Parlamento a um conglomerado de negócios privados, onde cada gabinete administra valores milionários com autonomia quase irrestrita. “O Congresso está virando uma holding de 513 gabinetes da Câmara e 81 no Senado e cada um gerencia 80 milhões, sem contar outros mecanismos orçamentários que eles usam”, denunciou. Ele declarou ter feito uso de emendas enquanto deputado, mas afirmou que destinava os recursos a áreas essenciais como Saúde e Educação — ao contrário do que vê hoje.

Críticas ao modelo de emendas impositivas

Ao lembrar sua atuação em comissões parlamentares no passado, Berzoini reiterou oposição antiga ao mecanismo das emendas obrigatórias. “A emenda impositiva distorce a relação entre o poder Executivo e o Legislativo, mesmo se fosse parlamentarismo [...] No caso do Brasil, que não é parlamentarismo, a existência de emenda parlamentar já é um escárnio”, afirmou. O ex-ministro propôs que a CUT lidere uma campanha nacional para abolir esse tipo de emenda.

Acordos e barganhas no Legislativo

Ao comentar a atuação do deputado Arthur Lira, relator da proposta do governo Lula sobre isenção do Imposto de Renda, Berzoini questionou o adiamento da entrega do parecer. “Ele é o useiro e vezeiro de ficar fazendo relatório de coisa que interessa ao governo para negociar alguma coisa [...] Certamente ele vai esticar essa corda o quanto ele puder para negociar contrapartidas”, pontuou. A crítica também se estendeu a Davi Alcolumbre, presidente do Senado, acusado por Berzoini de usar emendas para manter o controle político.

Reaparição de Cunha e influência nos bastidores

Berzoini ainda mencionou o retorno de Eduardo Cunha à política por meio da filha, deputada federal. “A filha dele é deputada federal. Também dizem, não tenho provas, que quem manda no gabinete é ele. Quem opera as estratégias do mandato é ele. Ele está operando pesadamente na política nacional”, afirmou. Para o ex-ministro, Cunha representa a velha prática do "toma lá, dá cá" que ainda permeia o Congresso.

Escândalos e conexões antigas voltam à tona

O ex-ministro relembrou momentos marcantes do passado recente, como o impeachment de Dilma Rousseff. Ele sugeriu que o processo foi articulado com suporte financeiro de setores empresariais. “A turma do açougue é que abasteceu o caixa para aprovar o impeachment da Dilma. Quem que é bom de carne no Brasil? Qual é a maior empresa do Brasil hoje, privada?”, provocou, em referência velada à JBS.

Bastidores da Lava Jato e impunidade

Berzoini criticou a falta de consequências efetivas para os envolvidos em escândalos revelados pela Lava Jato. Lembrou que, mesmo após a delação dos irmãos Batista, da JBS, figuras como Michel Temer, Ciro Nogueira e o próprio Cunha seguem influentes. “Temer foi gravado dizendo ‘tem de manter isso aí’ sobre a mesada de Cunha. Hoje, todos seguem em seus postos, enquanto a empresa cresceu ainda mais”, lamentou.

Críticas ao perfil dos parlamentares atuais

Por fim, o ex-ministro questionou a qualidade do atual Parlamento e ironizou o fato de Nikolas Ferreira ser considerado referência política. Também criticou o presidente da Câmara, Hugo Motta, por ter designado o deputado Coronel Chisóstomo como relator de uma medida fiscal.Em alguns momentos parecia até que ele era um deputado revolucionário, pela força que ele leu o relatório, que não foi ele que escreveu, disse, acusando encenação política.

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