O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PL-SP) e a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência destinaram R$ 1,7 milhão em emendas para ações de caráter sigiloso. A maior parte desses repasses foi realizada em 2022 e beneficiou desde empresas de turismo e lojas de impressoras até dezenas de CPFs e empresários individuais.
No Portal da Transparência, as informações sobre os repasses são vagas, mencionando apenas a função de "Defesa Nacional" sem esclarecer o motivo ou a ação específica que foi beneficiada. Os dados sobre os beneficiários dos pagamentos foram obtidos pelo Metrópoles a partir das informações do Siga Brasil. Normalmente, os gastos sigilosos do governo são justificados por motivos como segredos militares ou a proteção de atividades sensíveis de interesse da segurança nacional.
As emendas são de 2020, 2022 e 2023, com um valor total de R$ 1.736.288,09, já corrigido pela inflação (IPCA). Segundo os dados, somente o senador Flávio Bolsonaro, o deputado Bragança e a comissão enviaram repasses para ações sigilosas, pelo menos desde 2015, ano em que a série histórica do Portal do Orçamento começa.
As emendas de Flávio Bolsonaro e de Bragança foram feitas em 2022, último ano do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Já as emendas da comissão ocorreram em 2020 e 2023. Como regra, os repasses devem ser direcionados a uma "ação", ou seja, a um projeto de interesse público que será financiado. No entanto, em alguns casos, as descrições são mais gerais, como "ações de defesa civil", ou mais específicas, como "adequação de anel rodoviário em Belo Horizonte".
Os beneficiários dos repasses incluem 32 pessoas físicas e 62 pessoas jurídicas, sendo que sete microempreendedores individuais também foram contemplados. A maior beneficiária é a Berkana Defense & Security, que recebeu R$ 288 mil por meio de uma emenda do deputado Bragança. Em segundo lugar, está uma empresa de turismo chamada R. Moraes, que recebeu R$ 140 mil por uma transferência assinada por Flávio Bolsonaro.