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Fugitivos do 8 de Janeiro reclamam de condições em prisões argentinas

Reportagem revela falta de assistência médica, ameaças e condições precárias em centros de detenção; governo Milei não se manifesta

Atos golpistas de 8 de janeiro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Brasileiros condenados por participação nos atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 e que atualmente estão detidos na Argentina denunciam condições precárias nos centros de detenção do país, incluindo falta de atendimento médico, higiene inadequada, roubos e ameaças de morte. As informações foram reveladas em uma reportagem publicada nesta segunda-feira (14) pelo UOL, que entrevistou cinco presos – quatro homens e uma mulher – que aguardam decisão sobre pedidos de refúgio no governo de Javier Milei.

relatos dos presos

Entre os detidos está Wellington Firmino, 35 anos, motoqueiro que ficou 49 dias em uma carceragem na província de Jujuy antes de ser transferido para Ezeiza, na região metropolitana de Buenos Aires. Ele descreveu a cela onde ficou inicialmente como um local sem banheiro, com apenas um buraco no chão e um fio de água para banho, além de infestado por pernilongos. Em Ezeiza, as condições são melhores – os presos dividem uma espécie de "residência" com quartos, cozinha e TV –, mas Firmino afirma que ainda não conseguiu autorização para fazer uma cirurgia no braço, necessária devido a uma lesão.

Outro preso, Rodrigo Ramalho, ex-entregador de aplicativo, relatou ter sofrido uma queda dentro da prisão e não ter recebido exames de raio-x ou tratamento adequado. Já Ana Paula de Souza, 36 anos, a única mulher do grupo, disse ter sido ameaçada de morte, roubada e privada de comida suficiente. Ela também afirmou não receber medicamentos para hipotireoidismo e acompanhamento para nódulos no seio.

contexto jurídico e político

O advogado Pedro Gradin, que representa Ana Paula e outro integrante do grupo, Joel Borges, confirmou as dificuldades: "Há pessoas que necessitam de assistência médica e passam meses sem ter consultas". A Justiça argentina e o governo de Milei não se pronunciaram sobre as denúncias.

Os cinco brasileiros fugiram para a Argentina após serem condenados no Brasil e agora aguardam decisão sobre pedidos de extradiçãorefúgio. Enquanto isso, as condições nas prisões argentinas – já criticadas por organizações de direitos humanos – se tornam mais um capítulo na saga dos envolvidos no 8 de Janeiro, que tentam escapar das consequências jurídicas de seus atos.

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