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Governo de SP amplia benefícios fiscais para 78 bilhões de reais para alguns setores

Esses benefícios são isenções, reduções de alíquotas ou créditos concedidos principalmente no ICMS para determinados setores da economia

Governador Tarcísio de Freitas | Foto: Folha Press
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Mesmo após prometer reduzir os gastos com benefícios tributários, o governo de São Paulo estima abrir mão de uma quantia ainda maior em impostos no próximo ano. Segundo a proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada à Assembleia Legislativa, o Estado pode deixar de arrecadar R$ 78,5 bilhões em 2026. Com informações da Folha de São Paulo.

O valor está acima dos R$ 70,7 bilhões que estavam previstos anteriormente para o mesmo período.

Esses benefícios são isenções, reduções de alíquotas ou créditos concedidos principalmente no ICMS para determinados setores da economia. Apesar do aumento, a Secretaria da Fazenda argumenta que não houve ampliação nas porcentagens das isenções renovadas.

 arrecadação com impostos

Ainda conforme a LDO, a arrecadação com impostos deve crescer no ano que vem, mas a receita total do Estado deve cair 0,5%. Já os gastos devem ter uma leve queda, de 0,3%.

Em 2024, o governo lançou o programa “São Paulo na Direção Certa” prometendo revisar 263 benefícios fiscais. A meta era reduzir em 15% o custo dessas renúncias e economizar cerca de R$ 10,3 bilhões. O próprio governador Tarcísio de Freitas apresentou o programa em eventos do setor financeiro como um esforço para ajustar as contas públicas, em contraste com a política econômica do governo federal.

“Enfrentamos um desafio grande ao rever benefícios que já não tinham mais sentido. Cortamos um terço das renúncias, o que gerou uma economia de 15%”, disse o governador em um encontro promovido pelo Banco Safra.

No entanto, dados da nova projeção mostram que a economia prometida pode não ter se refletido na prática. Em setores como o agropecuário, por exemplo, a renúncia prevista subiu de R$ 403 milhões para R$ 1,1 bilhão. No comércio e no setor de reparação de veículos, o crescimento foi de 44%, saltando de R$ 29,2 bilhões para R$ 42 bilhões. Esse último aumento equivale a seis vezes o valor destinado à Educação no orçamento deste ano.

Em contrapartida, algumas áreas registraram queda na renúncia, como os setores de atividades administrativas (42%), financeiras (52%) e de comunicação (96%). No entanto, essas reduções não foram suficientes para compensar os aumentos em outras áreas.

Questionada sobre os números, a Secretaria da Fazenda alegou que, sem a revisão feita em 2024, a renúncia estimada para 2026 seria ainda maior — chegando a R$ 88 bilhões, valor que não aparece nos documentos anteriores. A pasta também disse que a meta é fazer com que os benefícios representem 30% da arrecadação, contra os 34% registrados no ano passado.

“Se não tivéssemos feito a revisão em dezembro, mantendo apenas parte dos benefícios, os gastos seriam ainda mais altos”, afirmou o secretário-executivo da Fazenda, Rogério Campos.

Parlamentares da oposição, no entanto, veem contradições. Para o deputado Paulo Fiorilo (PT), os dados da própria LDO mostram que a revisão anunciada não atingiu o objetivo. “As renúncias cresceram mais do que a receita tributária. Se houve corte, ele não foi eficaz”, declarou.

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