Indícios de golpe de estado no Brasil são fortes, diz presidente do STM

Os indícios de que houve uma tentativa de golpe contra o atual governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva são fortes e evidentes. A declaração é de Joseli Parente Camelo, presidente do Superior Tribunal Militar (STM), durante entrevista concedida nesta segunda-feira, 19, a uma emissora de televisão.  O presidente do STM concordou com a afirmação de Lula feita em sua segunda live, nesta segunda, a respeito da trama para execução do golpe sob a coordenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Na live, o presidente Lula garantiu que houve tentativa de golpe de estado. “Já está provado que eles tentaram dar um golpe. E coordenado pelo ex-presidente que agora tenta negar. Mas, quando perdeu as eleições, ele se trancou em casa para ficar preparando o golpe”, afirmou o presidente Lula.

No entanto, o presidente do STM diz ser necessário garantir a oportunidade para que sujeitos envolvidos possam se defender e negou-se a emitir qualquer juízo sobre o tenente-coronel Mauro Cid. Para ele, é preciso valer  o devido processo legal. "Temos um longo caminho e a gente não deve colocar o carro na frente dos bois, estaríamos ferindo o princípio de presunção de inocência", afirmou Camelo.

Camelo acredita que Mauro Cid cometeu excessos, indo além de suas funções como ajudante de ordens e diz que ele, caso seja anunciado, vai ter um julgamento justo no STM e argumentou ser necessário ter calma e esperar todo o processo. “Realmente, tratar de um golpe é muito grave, mas o ajudante de ordens de uma autoridade acaba vestindo a camisa da autoridade”, afirmou, declarando que em caso de condenação, depois do trânsito em julgado, o procurador-geral da Justiça Militar vai entrar com processo junto ao STM. "E aí será um outro julgamento. Será um julgamento se esse militar possui as condições de continuar na vida militar”, disse.

Segundo o presidente do STM, o tenente-Coronel vai ter direito à ampla defesa, como prevê a Constituição Federal. “Vamos levar em conta todo o seu período em que ele esteve na vida militar e, finalmente, vamos debater”, disse Camelo. Na entrevista, ele defendeu que os militares não participem da política. "Não podemos ter militares atuando na política. É muito salutar que queiram ser candidatos, mas que vão e deixem as Forças", opinou.

O presidente do STM concorda com a regulamentação das redes sociais, citando o exemplo do WhatsApp, usado por quase todas as pessoas, que veem e dizem o que querem e pensam. No entanto, muitas vezes, sem responsabilidade. "Não podemos aceitar tudo isso, o que ficam falando as pessoas, falando de golpe como se fosse normal, como se estivesse no barzinho tomando cerveja".