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‘Intervenção armada na Venezuela seria catástrofe humanitária e um precedente perigoso’, diz Lula

Durante a Cúpula do Mercosul, presidente alertou para riscos de ação militar dos EUA na região e afirmou que pretende conversar com Donald Trump antes do Natal

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) | Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (20), durante discurso na Cúpula do Mercosul, em Foz do Iguaçu (PR), que uma eventual intervenção armada dos Estados Unidos na Venezuela representaria uma “catástrofe humanitária” para a América do Sul e abriria um “precedente perigoso para o mundo”.

Sem citar nominalmente os Estados Unidos, Lula avaliou que o continente voltou a ser “assombrado” pela presença militar de uma potência extrarregional, em referência ao aumento das tensões envolvendo Washington e Caracas nos últimos meses.

“Passadas mais de quatro décadas desde a Guerra das Malvinas, o continente sul-americano volta a ser assombrado pela presença militar de uma potência extrarregional. Os limites do direito internacional estão sendo testados. Uma intervenção armada na Venezuela seria uma catástrofe humanitária para o hemisfério e um precedente perigoso para o mundo”, declarou o presidente.

Presidente Lula durante discurso na 67ª Cúpula do Mercosul em Foz do Iguaçu (Foto: Reprodução)

Tensões entre EUA e Venezuela 

Estados Unidos e Venezuela vivem um agravamento das tensões diplomáticas e militares desde agosto, quando o governo norte-americano passou a mobilizar um forte aparato militar no Caribe. Inicialmente, a Casa Branca justificou a operação como parte do combate ao tráfico internacional de drogas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também acusou o governo venezuelano, liderado por Nicolás Maduro, de utilizar recursos do petróleo para financiar o que classificou como um “regime ilegítimo”, além de associá-lo a crimes como tráfico de drogas, pessoas, assassinatos e sequestros. Maduro, por sua vez, acusa Trump de tentar derrubar seu governo.

Na última terça-feira (16), Trump afirmou que a Venezuela estaria completamente cercada “pela maior Armada já reunida na história da América do Sul”. O presidente norte-americano também determinou um bloqueio total a petroleiros sancionados que entram e saem do país e, em publicações em redes sociais, acusou a Venezuela de roubar petróleo e terras de cidadãos dos Estados Unidos.

Lula busca diálogo com Trump

Diante do cenário, Lula afirmou que pretende conversar novamente com Donald Trump antes do Natal para tentar evitar uma escalada militar na América Latina. Segundo o presidente, o Brasil busca contribuir para uma solução diplomática.

“Não queremos guerra no nosso continente. Todo dia tem uma ameaça no jornal e nós estamos preocupados. Agora vai chegar o Natal e talvez eu tenha que conversar com Trump outra vez para saber o que é possível o Brasil contribuir para um acordo diplomático e não para a guerra”, afirmou.

Na ocasião, Lula reiterou que o diálogo deve ser o caminho prioritário. Ele destacou que já conversou tanto com Nicolás Maduro quanto com Trump sobre a situação.

“Eu tive a oportunidade de conversar com Maduro por quase 40 minutos e depois com Trump. Falei para o Trump da preocupação do Brasil com a situação da Venezuela, que isso aqui é uma zona de paz, não é zona de guerra. As coisas não se resolvem dando tiro”, disse.

Em reunião ministerial realizada nesta semana, o presidente voltou a mencionar o tema e relatou ter dito ao norte-americano que o diálogo é mais eficaz do que o conflito armado.

“Eu falei para o Trump: ‘fica mais barato conversar e menos sofrível conversar do que fazer guerra. Se a gente acreditar no poder do argumento, da palavra, a gente evita muita confusão na vida dos países’”, concluiu Lula.

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