A Ipsos-Ipec divulgou um novo levantamento nacional sobre a disputa presidencial de 2026, realizado entre 4 e 8 de dezembro. Em todas as quatro simulações testadas, o presidente Lula (PT) aparece à frente da corrida, mantendo 38% das intenções de voto independentemente do adversário apresentado.
Do outro lado, os nomes mais associados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) surgem em uma faixa mais baixa, variando entre 17% e 23%. Entre eles, Michelle Bolsonaro (PL) registra o melhor desempenho, com 23%. Na sequência aparecem Flávio Bolsonaro (PL), com 19%, Eduardo Bolsonaro (PL), com 18%, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que alcança 17%.
Demais possíveis candidatos figuram em patamares menores: Ratinho Junior (PSD) marca entre 8% e 9%; Romeu Zema (Novo) pontua de 3% a 5%; e Ronaldo Caiado (União Brasil), de 5% a 7%. Os que pretendem anular ou votar em branco ficam entre 16% e 19%, e os indecisos somam de 5% a 8%. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com 95% de confiança.
Segundo Márcia Cavallari, diretora da Ipsos-Ipec, “Lula aparece com um piso consistente de 38% independentemente do adversário. Os nomes da direita próximos ao ex-presidente performam em patamar similar, o que sugere que a definição do candidato tende a reorganizar votos dentro do mesmo campo, mais do que ampliar o alcance atual. Há espaço para movimentos, mas o ponto de partida da disputa não se altera.”
Lula vence entre Nordeste, baixa renda e jovens em alguns cenários
De acordo com os recortes apresentados pela pesquisa, Lula tem força maior entre quem estudou até o ensino fundamental, entre moradores do Nordeste e entre famílias com renda de até um salário mínimo. O petista também mantém alto rendimento entre quem votou nele no segundo turno de 2022.
Em dois cenários específicos — frente a Tarcísio de Freitas e Eduardo Bolsonaro — o presidente atinge 47% e 48% das menções entre jovens de 16 a 24 anos.
Pelo lado bolsonarista, Flávio Bolsonaro chega a 43% entre quem votou em Jair Bolsonaro em 2022; Michelle Bolsonaro obtém 32% entre evangélicos e 50% no eleitorado que apoiou o ex-presidente no segundo turno; Eduardo Bolsonaro tem 42% nesse mesmo grupo; e Tarcísio se destaca entre pessoas com renda acima de cinco salários mínimos (30%) e entre bolsonaristas de 2022 (37%).
Espontânea: Lula e Bolsonaro seguem como nomes mais citados
Na pergunta espontânea — quando nenhum nome é apresentado — 30% dos eleitores não mencionam candidato. Entre os citados, Lula aparece com 29%, e Jair Bolsonaro, com 18%.
Rejeição: Lula lidera índice de resistência
A pesquisa também mapeou quem o eleitor não escolheria “de jeito nenhum”. Nesse quesito:
Lula tem 44% de rejeição,
Flávio Bolsonaro, 35%,
Eduardo Bolsonaro, 32%,
Michelle Bolsonaro, 30%,
Ratinho Junior e Romeu Zema, 13%,
Tarcísio de Freitas, 11%,
Ronaldo Caiado, 10%.
Maioria não quer Lula candidato à reeleição
Mesmo liderando todos os cenários, a maior parte do eleitorado afirma que Lula não deveria buscar um novo mandato: 57% dizem que ele não deveria ser candidato em 2026, e 56% consideram que ele não merece ser reeleito.
A rejeição à ideia de uma nova candidatura cresce entre:
evangélicos (69%),
pessoas com ensino superior (67%),
moradores da região Sul (67%),
eleitores de Bolsonaro em 2022 (90%),
quem anulou ou votou em branco na eleição de 2022 (80%).
Ausência de Bolsonaro divide eleitores, mas tende ao negativo
A saída de Jair Bolsonaro da disputa presidencial é percebida como:
negativa para o país por 49%,
positiva por 40%,
indiferente para 6%.
Quando o assunto é o peso de seu apoio:
27% dizem que aumentaria a vontade de votar em um candidato,
30% afirmam que diminuiria,
37% dizem que não faria diferença.
Eleitor quer capacidade de governar, mas mantém polarização
Sobre o perfil ideológico desejado para o próximo presidente:
38% afirmam não ter preferência e priorizam capacidade administrativa;
27% gostariam de um governante alinhado à direita (incluindo 21% bolsonaristas);
10% preferem alguém de centro;
18% preferem a esquerda (dos quais 15% lulistas).
Márcia Cavallari avalia que o cenário segue tensionado:
“Os dados mostram um eleitorado cansado da polarização, mas ainda preso a ela. A maioria quer um presidente capaz de governar, independentemente do campo ideológico, mas na hora de escolher, acaba voltando aos polos conhecidos.”
Metodologia
O levantamento é quantitativo, com entrevistas presenciais em domicílios. Foram 2.000 entrevistas distribuídas por 131 municípios, entre 4 e 8 de dezembro de 2025. A amostra segue parâmetros do Censo 2022 e da PNAD Contínua 2023, com cotas de sexo, idade, educação, raça/cor e setor de atividade. O índice de confiança é de 95%, com margem de erro de 2 pontos percentuais.