O Exército de Israel concluiu que não há evidências de execução no ataque a uma ambulância na Faixa de Gaza, ocorrido em março e que resultou na morte de 15 profissionais de saúde. A análise faz parte de um relatório interno das Forças de Defesa de Israel (FDI), divulgado neste domingo (20).
Apesar da negativa quanto à execução, o documento admite falhas sérias na operação, incluindo erros operacionais e problemas de comunicação entre os soldados envolvidos. Ainda segundo as FDI, não houve tentativa de ocultar o incidente.
ONU e Crescente Vermelho acusaram Israel de ataque deliberado
De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA), o ataque ocorreu em 23 de março, e soldados israelenses teriam disparado contra ambulâncias e enterrado os corpos das vítimas em uma vala rasa. Os corpos foram localizados dias depois por equipes da ONU e do Crescente Vermelho Palestino.
FDI dizem ter reagido a ameaça e negam aleatoriedade
O porta-voz militar Nadav Shoshani afirmou que os tiros foram direcionados a veículos que “não exibiam sirenes ou sinais de emergência” e que teriam avançado em atitude suspeita. Segundo ele, havia integrantes do Hamas entre os alvos, o que justificaria a ação armada.
O relatório menciona três episódios distintos durante aquela noite:
No primeiro, um carro supostamente ligado ao Hamas foi alvejado.
No segundo, veículos — depois identificados como ambulâncias — foram atingidos sob baixa visibilidade noturna.
No terceiro, um veículo da ONU foi alvo de disparos após supostamente violar protocolos militares, embora não tenha sido detalhada a natureza da infração.
Consequências internas e divergência sobre laudos
Como resultado da apuração, um comandante foi advertido e um subcomandante foi dispensado de suas funções. O relatório destaca que houve “falhas profissionais, desrespeito a ordens e omissão no relato do caso”.
Apesar de afirmar que não havia sinais de execução ou de que os mortos estavam amarrados, o jornal norte-americano The New York Times teve acesso a laudos de autópsia que apontam ferimentos fatais na cabeça e no peito, o que levanta dúvidas sobre a versão israelense.
As FDI também reconheceram que a remoção dos corpos foi feita sob condições difíceis, mas admitiram que destruir os veículos atingidos foi um erro.