A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, se emocionou ao falar sobre a relação afetuosa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Papa Francisco, em entrevista à coluna da jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo. Durante o bate-papo, ela segurou as lágrimas ao relembrar momentos marcantes vividos durante o período em que Lula esteve preso em Curitiba.
Correspondência comovente
Janja compartilhou que guarda até hoje uma das memórias mais significativas daquele período: a troca de cartas entre Lula e o pontífice. “Tem uma coisa aqui para te mostrar, e que eu estava até mostrando para o meu marido agora. É justamente a carta que ele escreveu ao papa, e a resposta do papa a ele”, revelou.
Segundo ela, a carta de apoio enviada por Francisco foi um alento para Lula em um dos momentos mais difíceis de sua vida. “O papa falava bastante sobre a prisão política [de Lula]. Não por acaso, a primeira viagem que meu marido fez ao sair da prisão foi para ir ao encontro do papa”, recordou.
580 dias de resistência e dor
Ao refletir sobre o período em que o presidente esteve detido, Janja descreveu a complexidade emocional vivida por Lula. “Passou por diferentes momentos naqueles 580 dias [de prisão]. Houve momentos de desesperança”, disse.
Ela destacou um episódio particularmente doloroso: a morte do neto Arthur, de apenas sete anos, que ocorreu enquanto Lula ainda estava preso. “Ele estava realmente bastante abalado, e talvez por isso escreveu uma carta ao líder espiritual. Para que ele pudesse também, né... por mais que as pessoas estivessem ali fora na vigília, a mensagem do papa Francisco naquela circunstância foi fundamental para ele saber que estava no caminho certo, da busca [pelo reconhecimento] da inocência”, afirmou Janja.
Laços espirituais e políticos
O gesto de Francisco, considerado por Janja e por Lula como uma manifestação clara de solidariedade e reconhecimento político, marcou a relação entre o presidente brasileiro e o líder da Igreja Católica. Desde então, os dois se encontraram pessoalmente e dialogaram sobre temas como combate à fome, justiça social e mudanças climáticas.