Um novo capítulo se desenha para a Ferrovia Transnordestina com a liberação de R$ 1,4 bilhão em investimentos, viabilizados por recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e do Fundo de Investimentos do Nordeste (Finor). A iniciativa consolida o projeto como uma das maiores apostas de infraestrutura logística no país, com potencial de transformar a economia do Piauí e de todo o Nordeste ao ligar diretamente o interior ao Porto do Pecém, no Ceará.
O CAMINHO DO DINHEIRO
A maior parte dos recursos, R$ 816,6 milhões, foi viabilizada por meio do segundo leilão de cotas escriturais do Finor, conduzido pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). O montante será usado para a aquisição de ações preferenciais da concessionária TLSA, responsável pela obra. Segundo Eduardo Tavares, secretário nacional de Fundos e Instrumentos Financeiros, essa foi a maneira mais ágil e eficaz de garantir o financiamento. “Quando aprovamos essa modelagem de fazer o leilão para adquirir ações preferenciais, esse foi o caminho mais simplificado, mais acelerado, que encontramos para viabilizar o investimento na Transnordestina”, disse ele.
SUSTENTABILIDADE E IMPACTO REGIONAL
A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) também liberou R$ 600 milhões adicionais do FDNE para o projeto. O superintendente da autarquia, Danilo Cabral, destacou os ganhos que vão além da logística. “Além da melhoria logística, a obra traz aspectos de desenvolvimento socioeconômico e de desenvolvimento regional que ajudam a reduzir desigualdades históricas”, afirmou.
OBRA PRIORITÁRIA PARA O NORDESTE
Com aproximadamente 1.750 quilômetros de extensão, a Transnordestina conectará Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE), passando por Pernambuco. Essa rota vai impulsionar o escoamento de minérios e commodities agrícolas, com ênfase na soja, milho, farelo de soja e calcário. Atualmente, a fase inicial da obra — com 1.061 km — está 75% concluída, e a operação em regime de comissionamento está prevista para começar em 2025.
INVESTIMENTO CONTÍNUO
O FDNE já aportou R$ 3,8 bilhões na ferrovia, além de um termo aditivo firmado no ano passado que prevê investimentos anuais de até R$ 1 bilhão até 2027. A estimativa atual do custo total da obra é de R$ 15 bilhões, dos quais ainda faltam R$ 7 bilhões para conclusão.
TRECHO PERNAMBUCANO EM FOCO
Paralelamente, a Sudene intensifica esforços para viabilizar o trecho da ferrovia entre Salgueiro e o Porto de Suape, em Pernambuco. A autarquia coordena articulações com os Ministérios dos Transportes e da Integração, e o primeiro edital para a retomada da obra deve ser lançado em breve.
ENGAJAMENTO COM A SOCIEDADE
Além das tratativas institucionais, a Sudene tem promovido diálogos com o setor produtivo e a sociedade civil para mapear as demandas socioeconômicas da região. O diretor de Fundos da autarquia, Heitor Freire, reforçou o compromisso com a transparência e a legalidade em todo o processo.
FERROVIA DO FUTURO
Considerada um eixo estruturante para o desenvolvimento regional, a Transnordestina deve impulsionar a competitividade da produção nordestina, reduzir custos logísticos e minimizar os impactos ambientais do transporte rodoviário.