Após meses de especulação e impasses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve dar continuidade à reforma ministerial, com a troca na liderança do Ministério das Mulheres. Segundo aliados próximos ao Planalto, o nome escolhido para substituir Cida Gonçalves é o da ex-ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes.
A substituição já era considerada inevitável desde o início do ano, mesmo com a proximidade de Cida com a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Havia expectativa de que o anúncio ocorresse antes do feriado de 1º de Maio, mas o presidente voltou a adiar a decisão.
Nos bastidores, há insatisfação dentro do governo com a condução da pasta, o que acelerou o processo de mudança. Embora a Comissão de Ética da Presidência tenha arquivado denúncias contra Cida — incluindo a acusação de negociar verbas em troca de apoio político e uma denúncia de racismo —, a gestão dela perdeu força internamente.
Um episódio que gerou desconforto no Planalto foi a divulgação de um áudio pela imprensa, no qual Cida Gonçalves afirma que interrompe qualquer agenda para atender Janja, destacando que apenas o presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, têm a mesma prioridade. No mesmo trecho, ela menciona que consegue “enrolar” os ministros Márcio Macêdo e Alexandre Padilha, o que causou constrangimento entre colegas de governo.
Apesar do desgaste, interlocutores da ministra afirmam que a substituição é uma decisão exclusiva do presidente, e que Cida seguirá à disposição do partido. A escolha de Márcia Lopes, por sua vez, é vista como um movimento para reforçar o perfil técnico da pasta e tentar pacificar o clima interno no governo.