O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) condenou neste sábado (6) tentativas de interferência externa no Brasil e afirmou que o país não aceitará “ordens de quem quer que seja”.
No pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, o petista também classificou como “traidores da pátria” políticos que, segundo ele, “estimulam ataques” contra o país — uma referência indireta ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), apontado como um dos responsáveis pelas sanções dos Estados Unidos contra autoridades e produtos brasileiros.
Defesa da soberania e críticas veladas
Durante a fala, Lula reforçou a importância da soberania nacional, conceito mencionado repetidamente, e defendeu o PIX, a regulamentação das redes sociais e a independência do Judiciário.
“Não somos e não seremos novamente colônia de ninguém. Somos capazes de governar e de cuidar da nossa terra e da nossa gente, sem interferência de nenhum governo estrangeiro”, declarou o presidente.
O pronunciamento surge após medidas dos EUA que incluem tarifas sobre produtos brasileiros e investigações comerciais contra o país, criticando justamente os fatores mencionados por Lula.
“Traidores da pátria”
Antecedendo as comemorações da Independência, o presidente criticou políticos que, segundo ele, atuam no exterior para prejudicar o Brasil.
“É inadmissível o papel de alguns políticos brasileiros que estimulam os ataques ao Brasil. Foram eleitos para trabalhar pelo povo brasileiro, mas defendem apenas seus interesses pessoais. São traidores da pátria. A História não os perdoará”, afirmou Lula.
Apesar de não citar nomes diretamente, o discurso faz referência à família e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na semana anterior, Lula disse que Eduardo Bolsonaro e sua família cometiam “uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus” e que o deputado estaria “insuflando, com mentiras e com hipocrisia, um outro Estado contra o Estado Nacional do Brasil”.
Relações internacionais e independência do país
O presidente ressaltou que o Brasil mantém “relações amigáveis com todos os países”, mas que a nação tem “um único dono” — o seu povo.
“Não aceitamos ordens de quem quer que seja. [...] Este país soberano e independente se chama Brasil”, declarou.
Judiciário, PIX e redes sociais
Lula também rebateu críticas estrangeiras ao Judiciário brasileiro e afirmou que seu governo respeita a separação entre os Poderes: “ao contrário do que querem impor ao nosso país”.
Em relação às redes digitais e ao PIX, ele disse que defenderá a plataforma contra qualquer “tentativa de privatização” e que as redes sociais não podem estar “acima da lei”:
“O Pix é do Brasil, é público, é gratuito e vai continuar assim. [...] As redes digitais não podem continuar sendo usadas para espalhar fake news e discursos de ódio. Não podem dar espaço à prática de crimes como golpes financeiros, exploração sexual de crianças e adolescentes e incentivo ao racismo e à violência contra as mulheres.”
O presidente concluiu reafirmando a defesa das riquezas, das instituições e da democracia brasileira:
“Nunca abriremos mão da nossa soberania. Defender nossa soberania é defender o Brasil”.