O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa nesta quarta-feira (24/09) de uma reunião com líderes do Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai. O encontro visa discutir a defesa da democracia e o combate ao extremismo, e será realizado em paralelo à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
A agenda inclui debates sobre como fortalecer a democracia e o multilateralismo, além de estratégias para enfrentar o extremismo, a desinformação e o discurso de ódio. A expectativa é de que representantes cerca de 30 países estejam reunidos.
Diferentemente do ano passado, na primeira edição do fórum ainda sob o governo Joe Biden, quando os Estados Unidos estiveram presentes, neste ano o país não foi convidado. Segundo auxiliares de Lula, nenhum dos organizadores cogitou chamar os EUA, ou a atual administração de Donald Trump demonstrou interesse.
O evento é articulado por Lula com os presidentes Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai). Todos estão em Nova York para a 80ª Assembleia Geral da ONU, aberta na terça-feira (23) com o discurso do presidente brasileiro.
Relações internacionais
Ainda na Assembleia Geral, Trump também discursou. Logo após o brasileiro, o presidente americano afirmou que se encontrou rapidamente com Lula antes de subir à tribuna e que os dois acertaram uma reunião para a próxima semana. A expectativa é de que o encontro aconteça por telefone ou videoconferência.
Trump disse ter tido “uma química excelente” com o petista. “Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócios com gente de quem eu gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química, e isso é um bom sinal”, comentou.
Para a diplomacia brasileira, a possível conversa deve ser vista com cautela apesar do tom amistosos do americano. No Itamaraty, a orientação é preparar o encontro com minúcia, para evitar constrangimentos como os sofridos por líderes estrangeiros em reuniões anteriores com Trump, entre eles o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o da África do Sul, Cyril Ramaphosa.
A viagem é a primeira de Lula aos Estados Unidos desde a posse de Trump, em janeiro. O deslocamento ocorre em meio a crise diplomática considerada a maior das últimas décadas entre os dois países, após a imposição de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como retaliação ao julgamento e condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em suas falas na ONU, Lula declarou que a democracia e a soberania brasileiras são “inegociáveis” e classificou como “inaceitável” qualquer agressão ao Judiciário. O petista também condenou “falsos patriotas” e rejeitou a possibilidade de anistia a quem ataca a democracia.