O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca nesta semana para Buenos Aires, onde participará da Cúpula do Mercosul, agendada para os dias 2 e 3 de julho. Esta será sua primeira viagem oficial à Argentina desde a posse do presidente Javier Milei.
O encontro ocorre em meio as incertezas geopolíticas globais e a expectativa da conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, tratado negociado há mais de duas décadas. A partir de julho, o Brasil assume a presidência rotativa do bloco, função que se estende até 31 de dezembro deste ano. Lula deve suceder Milei na condução das reuniões e negociações.
Criado em 1991, o Mercosul tem como objetivo a livre circulação de bens, serviços e pessoas entre os países membros. Apesar da relevância econômica, segue enfrentando desafios como burocracia, barreiras tarifárias e diferenças no desenvolvimento econômico dos integrantes.
Principais temas na agenda brasileira
Entre as prioridades brasileiras estão propostas de cooperação regional em segurança pública, integração comercial de setores estratégicos, como o automotivo e o açucareiro, e o reforço da entrada definitiva da Bolívia no bloco.
A secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan, afirmou que a integração no combate ao crime organizado e ao narcotráfico será tema central das discussões. “Esse é o tipo de cooperação que queremos: troca de informações, resposta rápida e atuação conjunta das autoridades dos países”, explicou, citando como exemplo recente a prisão de um membro do PCC na Bolívia.
Na área econômica, o Brasil vai propor avanços na chamada Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC), mecanismo que permite alíquotas diferenciadas para alguns produtos, facilitando o comércio interno do bloco. Na semana passada, os países aprovaram a inclusão de 50 novos códigos tarifários nessa lista.
Outro ponto sensível é o acordo Mercosul-União Europeia. Autoridades brasileiras afirmam que há possibilidade de avanço nas negociações ainda este ano, após impasses sobre cláusulas ambientais.
Acordos setoriais e clima
Outro tópico que o governo brasileiro quer discutir é a criação de uma política industrial regional no setor automotivo e novas regras comerciais para produtos açucareiros de valor agregado.
Ministros do Meio Ambiente dos países do Mercosul devem lançar o programa Mercosul Verde, com foco na agricultura de baixo carbono e na expansão das exportações sustentáveis. Uma mensagem conjunta sobre clima deve ser elaborada para apresentação na COP30.
O país também planeja reforçar a importância da Bolívia concluir seu processo de adesão ao bloco, iniciado em 2023. Pelo tratado, o país vizinho tem até quatro anos para se adequar às normas e à Tarifa Externa Comum.