O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega nesta quarta-feira (9) a Honduras para a cúpula da Celac, onde a expectativa é que aborde – ainda que indiretamente – as tarifas impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros. Fontes diplomáticas indicam que o discurso de Lula conterá mensagens aos Estados Unidos, mas sem mencionar nominalmente o presidente americano.
Entre o diálogo e a ameaça de retaliação
A postura reflete a divisão no governo. Lula já declarou que o Brasil não "bate continência" a nenhum país e prometeu "medidas cabíveis" contra as tarifas de 25% sobre aço e alumínio. O Congresso aprovou na semana passada um mecanismo de retaliação comercial, permitindo suspender acordos com países que prejudiquem produtos brasileiros. Já o vice-presidente Geraldo Alckmin e o Itamaraty preferem o caminho da negociação, posição que causou mal-estar entre parlamentares.
Ainda sem programação definitiva, Lula pode ter encontros bilaterais com outros líderes – incluindo uma possível conversa com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, embora o Planalto não confirme oficialmente.
Proposta regional para a ONU
No evento, o Brasil deve defender uma candidatura feminina latino-americana ao cargo de secretária-geral da ONU, que será vacante com o fim do mandato de António Guterres em 2026. A iniciativa reforça o discurso de protagonismo regional do governo Lula.
Enquanto isso, equipes do Itamaraty e do MDIC se preparam para reuniões com autoridades americanas nesta semana, buscando minimizar os impactos das tarifas que afetam US$ 1,2 bilhão em exportações brasileiras. O desfecho dessas negociações pode definir o tom das relações Brasil-EUA nos próximos meses.