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Mauro Cid diz à PF que advogados de Bolsonaro tentaram obter dados da delação

Mauro Cid disse ainda que teria sido gravado sem autorização e que os áudios teriam sido editados e recortados.

Mauro Cid depõe ao STF sobre a trama golpista | Foto: Gustavo Moreno/STF
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Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou suspeitar que advogados de réus envolvidos na trama golpista, incluindo defensores de Jair Bolsonaro (PL), tentaram obter informações de sua delação premiada por meio de seus familiares.

Cid também declarou que a foto apresentada como suposta prova de que ele teria discutido a delação por uma rede social é, na verdade, resultado de um vazamento. Mauro Cid disse ainda que teria sido gravado sem autorização e que os áudios teriam sido editados e recortados. 

Mauro Cid prestou depoimento à Polícia Federal na terça-feira (24) no âmbito de um inquérito que investiga se advogados de réus atuaram para dificultar as apurações sobre a suposta tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, a PF também deve ouvir os advogados do ex-presidente, diante de indícios de obstrução de Justiça. Delator da trama golpista, Mauro Cid negou ter criado o perfil Gabrielar702 e disse não saber quem o fez. Também afirmou não ter discutido sua delação com o advogado Eduardo Kuntz, defensor de Marcelo Câmara. 

Tenente-coronel Mauro Cid - Foto: Reprodução/TV Justiça

Visitas presenciais e conversas

Mauro Cid relatou ter recebido visitas na prisão, em maio de 2023, dos advogados Eduardo Kuntz e Fábio Wajngarten, ligados à defesa de Bolsonaro. Disse ainda que reencontrou Kuntz em fevereiro de 2024, na hípica de Brasília, mas considerou um encontro casual.

Segundo Cid, entre o segundo semestre de 2023 e início de 2024, houve contatos frequentes dos advogados com sua esposa, filhas e mãe — esta última abordada pessoalmente ao menos três vezes em eventos esportivos. Em uma dessas ocasiões, o advogado Paulo Bueno, que defende Bolsonaro, também estava presente. Ainda conforme Cid, os advogados chegaram a se oferecer para defendê-lo.

Mauro Cid afirmou acreditar que foi gravado sem seu consentimento e que os áudios teriam sido repassados ao advogado Luiz Eduardo Kuntz. Disse que um dos áudios divulgados pela revista Veja está editado e recortado, e que a foto usada teria sido vazada e manipulada para sustentar a acusação.

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