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Médica relata ameaças após ação de vereador: “Disse que voltaria armado para matar todo mundo”

Segundo Daiane, o vereador entrou no hospital sem máscara e acompanhado de assessores, circulando por áreas sensíveis, como consultórios e salas com prontuários.

Médica Daiane Copercini deu seu depoimento durante oitiva da Comissão Processante contra o vereador Vini Oliveira (Cidadania). | Foto: Câmara Municipal de Campinas
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A médica Daiane Copercini, servidora da rede municipal de Campinas, prestou um forte depoimento nesta semana na primeira oitiva da Comissão Processante da Câmara Municipal, que analisa a conduta do vereador Vini Oliveira (Cidadania). A parlamentar é acusado de invadir o Hospital Mário Gatti no dia 1º de janeiro, violando protocolos hospitalares, filmando ambientes restritos e expondo servidores sem consentimento.

Segundo Daiane, o vereador entrou no hospital sem máscara e acompanhado de assessores, circulando por áreas sensíveis, como consultórios e salas com prontuários. As imagens foram publicadas nas redes sociais do parlamentar. “Ele me associa a estelionato, dizendo que quem está no serviço e não está trabalhando é estelionatário”, declarou a médica, reforçando que Vini já havia sido informado por um coordenador que ela havia atendido pacientes ao longo de todo o dia.

Agressões e ameaças após a filmagem

A médica relatou que o vídeo gerou consequências graves para sua segurança e a de seus colegas. “Na semana retrasada tivemos um episódio de um paciente que disse que voltaria armado para matar todo mundo”, contou Daiane. Segundo ela, após a publicação do vereador, houve um crescimento no número de ameaças e comportamentos hostis da população contra profissionais de saúde da unidade. “É desgastante. A gente deixa nossa família para estar lá e ser ameaçado em nosso local de trabalho”, desabafou.

Emocionada, a médica disse que teve dificuldades para retomar os plantões e passou a ser alvo de mensagens de ódio em suas redes sociais. Ainda assim, decidiu manter seus perfis públicos para se defender. “Eu só estou me defendendo e procurando a justiça para que a gente tenha paz para exercer o nosso trabalho”, declarou.

Críticas à postura do parlamentar

A vereadora Mariana Conti (PSOL), presidente da Comissão Processante, avaliou que a atitude do colega de Câmara apenas contribui para agravar a já crítica situação da saúde pública no município. “A postura do vereador Vini em incitar a população e constranger os trabalhadores não resolve a situação da crise. Pelo contrário, fragiliza ainda mais os trabalhadores e o serviço”, afirmou a parlamentar, que também criticou a terceirização e a falta de investimentos na atenção básica por parte da gestão Dário Saadi.

Processo pode levar à cassação

A comissão foi instaurada após denúncia formal da médica, e novas oitivas devem ocorrer nas próximas semanas. O relatório final poderá recomendar o arquivamento do processo ou a cassação do mandato de Vini Oliveira, que só será efetivada se houver aprovação por dois terços do plenário.

Vini Oliveira, eleito como o segundo vereador mais votado da cidade, adotou um estilo midiático e provocador, que vem sendo contestado por entidades da saúde. O Conselho Regional de Medicina já formalizou representação ao Ministério Público, questionando a legalidade das suas ações em unidades hospitalares.

Vereador diz estar tranquilo

Após o depoimento de Daiane, Vini publicou vídeo nas redes sociais se mostrando otimista: Acabou agora a primeira oitiva da Comissão Processante. Estou muito feliz por ter a oportunidade de me defender e mostrar a verdade. Tenho uma excelente equipe de advogados e estou confiante de que sairemos vencedores.

A próxima sessão da comissão ainda não tem data confirmada. O caso segue sob atenção de entidades médicas e do plenário da Câmara, que dará a palavra final sobre o destino do mandato do parlamentar. 

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