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Milei fecha acordo comercial com Trump e põe à prova economia fechada da Argentina

Novo acordo comercial entre Argentina e EUA, com foco em veículos, preocupa o Brasil. Entenda os possíveis impactos e as estratégias de Milei.

Trump e Milei | Foto: Reprodução
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 O presidente da Argentina, Javier Milei, reforçou nesta quinta-feira (13) sua guinada de alinhamento político e econômico com os Estados Unidos — e, em especial, com Donald Trump — ao anunciar um novo acordo-quadro de comércio e investimentos entre os dois países. O entendimento, divulgado pelo governo argentino e pelo USTR, prevê acesso preferencial de diversos produtos norte-americanos ao mercado argentino.

Entre os setores citados pelo escritório comercial da Casa Branca está o de veículos automotores, ponto que imediatamente gerou preocupação em Brasília. Na linguagem diplomática, “acesso preferencial” indica redução de tarifas de importação, o que, no caso do Mercosul, costuma ser definido de forma conjunta pelos quatro países do bloco: Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

Atualmente, carros e utilitários importados enfrentam uma Tarifa Externa Comum de 35%, uma das mais altas do bloco, criada justamente para proteger a indústria automotiva regional.

Embora o acordo ainda não detalhe quais concessões serão feitas por cada lado, autoridades brasileiras veem risco de que Buenos Aires utilize sua lista de exceções à TEC para diminuir as alíquotas aplicadas aos automóveis norte-americanos sem, oficialmente, descumprir regras do Mercosul.

O receio é justificado: o setor automotivo responde por mais de 40% das exportações brasileiras para a Argentina, de janeiro a setembro de 2025. Uma redução no custo dos veículos importados dos EUA poderia comprometer o fluxo comercial bilateral e atingir montadoras instaladas no Brasil.

Apesar disso, a avaliação em Brasília é que ainda será necessário compreender qual tipo de veículo os Estados Unidos pretendem direcionar ao mercado argentino. Caso não haja concorrência direta com os modelos produzidos no Brasil, o impacto pode ser menor — mas, mesmo assim, o barateamento dos produtos norte-americanos tende a gerar perda de competitividade.

Até o momento, o governo de Milei e o USTR não divulgaram os termos detalhados do acordo, que segue em fase preliminar. O movimento, porém, reforça a estratégia do presidente argentino de reposicionar o país no cenário global, privilegiando laços com Washington e intensificando a aproximação política com Trump, que já manifestou apoio explícito à gestão liberal de Milei.

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