“Não penso diferente do agronegócio”, diz Lula no lançamento do Plano Safra

Governo não tem uma abordagem ideológica ao lidar com o Plano Safra e que não age com base em problemas ou relações com o agronegócio

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Presidente Lula discursa no lançamento do Plano Safra | Joédson Alves/Agência Brasil

Com valor recorde de R$ 364,22 bilhões destinados ao financiamento da agricultura e pecuária empresarial no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Plano Safra 2023/2024, nesta terça-feira (27), que vai ofertar crédito tanto para grandes produtores rurais quanto para produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), ou seja, é destinado ao setor que ainda tem ligação com Bolsonaro (PL).

Esse valor representa um aumento significativo de 26,8% em relação ao plano anterior, de 2022/2023, que destinou R$ 287,16 bilhões para o Pronamp e demais produtores. Durante a cerimônia de lançamento no Palácio do Planalto, Lula destacou que o objetivo do governo é melhorar a cada ano os planos de safra, assim como fez durante seus mandatos de 2003 a 2015.

“Se enganam aqueles que pensam que o governo pensa ideologicamente quando vai tratar de um Plano Safra. Se enganam aqueles que pensam que o governo vai fazer mais ou fazer menos porque tem problemas ou não problemas com o agronegócio brasileiro. A cabeça de um governo responsável não age assim, a cabeça de um governo responsável não tem a pequenez de ficar insultando, insuflando o ódio entre as pessoas. Esse país só vai dar certo se todo mundo ganhar”, disse o presidente.

Lula ressaltou que o governo não tem uma abordagem ideológica ao lidar com o Plano Safra e que não age com base em problemas ou relações com o agronegócio. Ele enfatizou a importância de um governo responsável que não promova a divisão e o ódio entre as pessoas, afirmando que o país só terá sucesso se todos saírem ganhando.

Um dos focos do Plano Safra é incentivar a adoção de práticas sustentáveis na produção agrícola, com redução das taxas de juros para a recuperação de pastagens e recompensas para os produtores que adotarem práticas agropecuárias mais sustentáveis. Lula destacou que o setor produtivo não deve ser predatório em relação às riquezas naturais do país e que é possível recuperar terras degradadas em vez de desmatar novas áreas.

O presidente também sugeriu que o governo federal, juntamente com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e os governos estaduais, faça um levantamento e disponibilize terras devolutas e improdutivas para a reforma agrária, evitando invasões de terra desnecessárias. Lula expressou sua preocupação com a situação orçamentária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e afirmou que pretende visitar a instituição para buscar soluções e restaurar seu papel de destaque no agronegócio brasileiro.

Além dos recursos destinados ao setor rural, o presidente também anunciou que nesta quarta-feira (28) será divulgado o Plano Safra da Agricultura Familiar, que contará com cerca de R$ 77 bilhões em recursos e taxas de juros mais baixas para pequenos produtores, visando apoiar a produção de alimentos, aquisição de máquinas e práticas sustentáveis.

Durante o evento, representantes do setor produtivo, como o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), destacaram a importância do apoio do governo ao agronegócio, mencionando a renegociação de dívidas e garantia de preços mínimos. Eles ressaltaram que o crédito é fundamental para viabilizar a atividade agropecuária, impulsionar a inovação tecnológica e promover a sustentabilidade.

Dos recursos anunciados para agricultura empresarial, R$ 272,12 bilhões vão para o custeio e comercialização e R$ 92,1 bilhões serão para investimentos. R$ 186,4 bilhões terão taxas controladas, sendo R$ 84,9 bilhões com taxas não equalizadas e R$ 101,5 bilhões com taxas equalizadas (subsidiadas). Outros R$ 177,8 bilhões serão destinados a taxas livres.

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