O ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, em caráter provisório, permitir que Wanderlei Barbosa (Republicanos) volte ao cargo de governador do Tocantins. A decisão, publicada nesta sexta-feira (5), vale imediatamente, mas ainda precisa ser analisada pela Segunda Turma do STF.
Essa liminar derruba o afastamento de 180 dias que havia sido imposto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Barbosa estava fora do cargo havia três meses, por suspeita de desvio de dinheiro público em contratos de compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. A decisão não cita o possível retorno da primeira-dama Karynne Sotero, que também havia sido afastada.
A medida foi tomada dentro de um pedido de Habeas Corpus apresentado pela defesa do governador. No texto, Nunes Marques afirma que suspende temporariamente o afastamento até o julgamento final do caso.
A defesa de Wanderlei confirmou a informação e afirmou que recebeu a decisão com tranquilidade, destacando que o governador poderá voltar ao cargo para o qual foi eleito.
Segundo o ministro, manter o afastamento neste momento poderia prejudicar o funcionamento da gestão estadual, especialmente às vésperas de um ano eleitoral. Ele também afirmou que a remoção de um chefe do Executivo precisa ter justificativas muito fortes e que a Procuradoria-Geral da República se posicionou contra o afastamento.
O ministro ainda ressaltou que os indícios apresentados pela polícia não seriam suficientes para justificar a saída imediata do governador e que não ficou demonstrado risco para as investigações ou para a ordem pública.
Vice-governador assumiu o comando durante o afastamento
Com a saída de Barbosa em setembro, o vice-governador Laurez Moreira (PSD) assumiu a gestão. Logo ao assumir, Moreira exonerou todos os secretários estaduais e suspendeu um contrato de táxi aéreo que servia para viagens oficiais do governo.
A reportagem tenta contato com o vice-governador.
Entenda o caso
Wanderlei Barbosa e a primeira-dama foram afastados no dia 3 de setembro de 2025 por decisão do ministro Mauro Campbell, do STJ, posteriormente confirmada pela Corte Especial. Eles são investigados por suspeita de desviar recursos destinados à compra de cestas básicas em 2020 e 2021, período de emergência em saúde pública por causa da pandemia.
Na época, Barbosa comandava a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), que administrava os recursos voltados à população vulnerável. A PF aponta que ele teria participado de um esquema de contratações irregulares. Já Karynne teria ajudado na parte administrativa e acompanhado a distribuição das vantagens indevidas.
A Polícia Federal apura possíveis crimes de fraude em licitações, peculato, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Nova operação durante o afastamento
Em 12 de novembro de 2025, Barbosa voltou a ser alvo da Polícia Federal, acusado de tentar atrapalhar as investigações da Operação Fames-19, que apura desvios de cestas básicas. A PF cumpriu 24 mandados de busca em Palmas e Santa Tereza do Tocantins.
Os investigadores afirmam ter encontrado sinais de que documentos e materiais importantes para o caso foram retirados com o uso de veículos oficiais. Segundo a PF, isso atrapalhou o andamento das investigações, que seguem em sigilo no STJ.
No dia da operação, agentes encontraram luzes acesas e uma TV ligada na casa do governador. O celular de Barbosa, de acordo com a polícia, parecia ter sido restaurado para as configurações de fábrica.