Em 2018, Megan Barry, então prefeita de Nashville, anunciou sua renúncia após admitir ter desviado recursos públicos e mantido um caso extraconjugal com seu chefe de segurança. A democrata, que tinha planos ambiciosos para a cidade, surpreendeu os cidadãos ao fazer a revelação semanas antes de deixar o cargo. "Embora meu mandato como prefeito chegue ao fim hoje, meu amor inabalável e afeição sincera por esta cidade e seu povo nunca acabarão", declarou após comparecer perante um juiz.
INVESTIGAÇÕES REVELAM DESVIO DE FUNDOS
Durante a audiência, Barry não detalhou como os fundos municipais foram utilizados de forma indevida. No entanto, a investigação apontou que viagens oficiais eram custeadas com dinheiro público, enquanto ela mantinha o relacionamento com o então sargento Robert Forrest. Além disso, imagens de uma mulher nua foram encontradas no celular funcional de Forrest.
O Tennessee Bureau of Investigation não confirmou a identidade da mulher das fotos. Barry, por sua vez, negou ter conhecimento das imagens e declarou que, se fossem dela, teriam sido tiradas sem seu consentimento. As fotografias foram feitas em maio e outubro de 2017, em datas que coincidiam com viagens registradas da prefeita a Washington.
EX-CHEFE DE SEGURANÇA ADMITE CULPA
Pouco após a renúncia da prefeita, Forrest também se declarou culpado de apropriação indevida de recursos públicos. Ele concordou em devolver US$ 45.000 ao tesouro municipal, valor recebido durante períodos em que não estava em serviço oficial.
REGISTROS REVELAM MENSAGENS APAGADAS
Documentos judiciais indicam que investigadores localizaram trocas de mensagens entre Barry e Forrest. Foram encontradas 260 conversas deletadas entre os celulares de ambos, além de 35 registros de chamadas apagados. O depoimento de um agente afirmou que uma bolsa vista em uma das imagens coincidia com um acessório usado por Barry em outra fotografia.
As fotos foram extraídas do e-mail de trabalho de Forrest, reforçando a suspeita de que tenham sido capturadas enquanto ele estava em serviço.
DEFESA E IMPLICAÇÕES POLÍTICAS
Barry negou ter cometido ilegalidades e alegou que seu caso não deveria ser associado ao movimento Me Too, pois envolvia "adultos de meia-idade consentindo um relacionamento". A ex-prefeita também afirmou que os depoimentos deveriam ter sido mantidos em sigilo até o fim da investigação e que sua divulgação foi uma tentativa de prejudicá-la politicamente.
"Nada nos depoimentos divulgados hoje... indica que eu tenha cometido quaisquer ações que violem a lei", disse Barry em comunicado na época. "Se alguma violação da lei ocorreu, foi na violação dos meus direitos pessoais."
DISPUTA SOBRE ACESSO A EVIDÊNCIAS
O Tennessee Bureau of Investigation solicitou a análise do celular de Barry, mas seu advogado resistiu a fornecer a senha do dispositivo. Posteriormente, um mandado foi expedido e o telefone foi entregue às autoridades para exame.
O escritório do procurador distrital Glenn Funk acompanhou o caso, mas preferiu não comentar até a conclusão das investigações. Já o advogado de Forrest, David Louis Raybin, recusou-se a se manifestar sobre o assunto.
HISTÓRICO DE FORREST NA SEGURANÇA MUNICIPAL
Forrest anunciou sua aposentadoria poucos dias antes da renúncia da prefeita, encerrando uma carreira de mais de 31 anos na Polícia de Metro Nashville. Ele passou 14 desses anos supervisionando a segurança de prefeitos ao longo de três administrações.
Registros da polícia local indicam que suas horas extras mais que dobraram nos anos anteriores ao escândalo, passando de US$ 35.747 em 2014-15 para US$ 75.462 em 2016-17. Barry foi eleita em setembro de 2015 e afirmou que o relacionamento começou na primavera de 2016. No entanto, ela nunca especificou quando o caso chegou ao fim.