A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, nesta terça-feira (25), o vereador Ernane Aleixo (PL), de São João de Meriti, durante a Operação Muro de Favores, que investiga um esquema criminoso associado ao Terceiro Comando Puro (TCP), segunda maior facção do estado. O parlamentar foi localizado em sua residência, onde os agentes precisaram arrombar o portão para efetuar a prisão. Outras quatro pessoas também foram detidas.
SUPORTE À FACÇÃO EM TROCA DE BENEFÍCIOS
Ernane, que ficou entre os mais votados nas eleições municipais de 2024, é suspeito de fornecer apoio logístico e operacional ao grupo criminoso em troca de vantagens financeiras e eleitorais.
Mensagens e áudios obtidos pelos investigadores apontam que o vereador teria disponibilizado máquinas e estrutura usadas na instalação de barricadas em Vilar dos Teles, impedindo o acesso de forças de segurança e dificultando a chegada de serviços essenciais às comunidades.
O delegado Vinícius Miranda afirmou que os elementos reunidos indicam “uma clara troca de favores” e acrescentou: “Não só de favores, o que piora a situação. Houve o uso aparente de um bem público contra o povo, para erguer barricadas”.
Na casa do parlamentar, os policiais apreenderam dinheiro em espécie, que será analisado no inquérito.
MANDADOS ESTRATÉGICOS
Ao todo, os agentes cumpriram 8 mandados de prisão e 36 de busca e apreensão, autorizados pela 2ª Vara Criminal de Meriti. A ofensiva foi conduzida pela Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) e reforça a política Barricada Zero, implementada pelo governo estadual.
As investigações indicam que o TCP mantinha uma teia de alianças com políticos locais, garantindo domínio sobre áreas da Baixada Fluminense, incluindo as comunidades Trio de Ouro, em Meriti, e Guacha e Santa Tereza, em Belford Roxo. Há suspeitas ainda de que o vereador negociava vagas de emprego em hospitais públicos como moeda de troca por apoio político.
LIGAÇÕES COM A CÚPULA DO TRÁFICO
O núcleo investigado seria comandado por Marlon Henrique da Silva, o Pagodeiro, preso no ano anterior e considerado braço direito de Geonário Fernandes Pereira Moreno, o Genaro, líder do TCP na região. Pagodeiro já admitiu ter assassinado três pessoas, entre elas uma mulher, durante um confronto com criminosos rivais há cerca de dois anos.
Nesta terça-feira, também foi presa Luciana Adelia Theofilo, companheira de Pagodeiro.
META: DESMANTELAR A REDE CRIMINOSA
Com a operação, a Polícia Civil busca enfraquecer a estrutura financeira e hierárquica do TCP, derrubar barricadas e restabelecer o controle estatal nas áreas afetadas.
Ainda segundo as autoridades, o grupo sob investigação atuava em crimes como tráfico de drogas, homicídios, extorsão de comerciantes e lavagem de dinheiro.